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Por Filipe Alberto, exclusivo para o blog Doce Viagem

Elizabeth Gilbert acredita que há tesouros enterrados em cada um de nós. “Creio que esta é uma das peças mais antigas e generosas que o Universo prega em nós, humanos, tanto para a sua própria diversão quanto para a nossa.” A coragem para descobrir essas joias ocultas é o que difere uma existência mundana de outra encantada. 

Quando inicia sua caçada, Filipe desliga-se da vida. “É um foco muito grande, é um modo de esquecer um pouco das coisas, do mundo. E geralmente não estou pensando em mim, mas no desenho. Quero que o resultado seja o melhor possível. Eu fico muito preso naquilo, a ponto de esquecer de comer, de só sair dali quando já estou com dor nas costas ou com os olhos embaçados.”

Filipe começou a desenhar ainda pequeno e sempre teve no pai, engenheiro e militar, sua principal inspiração e referência. “Ele sabe desenhar qualquer coisa. Tem aquela habilidade que se você falar “desenhe um carro voando em Júpiter”, ele o faz. E fica tudo perfeito, hiper-realista”.

Filipe, diz, não é assim. “Eu não descobri qual é o meu estilo. Eu tinha uma dúvida se o que eu fazia era uma falha ou um estilo. Porque nunca está perfeito para mim, mas, ao mesmo tempo, você percebe que é meu.”

Seu primeiro desenho foi de um buldogue. “Foi o primeiro que eu virei e falei: ficou muito bom. Eu tinha cinco anos.” Ele até tentou repeti-lo, mas diz que nunca ficou tão bom. Saiu, então, em busca de outros tesouros, contemplou outros estilos, experimentou outras técnicas e fez novas descobertas. “Fiz xilogravura e foi ótimo, porque a perfeição não existe e você tem que lidar com essa frustração. E isso para a vida é maravilhoso, se você pensar.” Ele também fez aquarela e, durante muito tempo, escultura.

Filipe não tornou sua caçada em profissão ou em propósito de vida. Ele a mantém como uma prática devocional, que injeta encantos na sua alma e no Universo.