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Monteiro Lobato, à direita, na Biblioteca Anne Frank, em 1945

De acordo com a pesquisa “Retratos de Leitura no Brasil”, citada recentemente por Ruy Castro, 75% dos brasileiros associam “a biblioteca a um lugar para estudar ou pesquisar (natural, por obrigação), não como um espaço de lazer, para ler por prazer, trocar livros ou fazer amigos”.

Talvez você não seja tão apaixonado por livros para imaginar o paraíso como uma grande biblioteca, como Jorge Luís Borges. No entanto, há mais que prateleiras e letras naquele mundo silencioso. Nem todas têm proclamados tesouros, mas certamente há obras de arte, história e o que mais precisamos resgatar: senso de comunidade. 

Em São Paulo, elas até renovaram lugares sombrios onde barbáries aconteciam, como o Carandiru. Carregam nomes de heróis e heroínas e promovem atividades que poucos imaginam. Em um belo projeto arquitetônico, a Villa-Lobos criou uma oficina de smartphone e redes sociais para a Melhor Idade, enquanto a Anne Frank, um dia frequentada por Monteiro Lobato, realiza de rodas de leitura para bebês até 3 anos a aulas lian gong e yoga. Todas as atividades (surpresa!) são gratuitas. Se você precisa de mais um incentivo, aí vai o mais corriqueiro: em tempos difíceis, por que não?

De repente, você se empolga, decide se aventurar pelas prateleiras e explorar um daqueles títulos. Outro dia um rapaz levou para casa “Getúlio”, um tijolo com mais de um volume. Não foi para algum trabalho da escola, não; disse para a funcionária da biblioteca que buscava entender esse país.

Você corre o sério risco de nesse caminho tomar gosto e até influenciar alguém. A pesquisa mostra que as mulheres são campeãs – em leitura e persuasão.  Há mais motivos do que você pode imaginar para se prender a um livro: distração, crescimento pessoal, atualização cultural, capacitação… São mais fortes que as desculpas – não ter tempo, não gostar, não ter paciência.

Evoco até alguns mestres, de diferentes gerações, para te convencer. John Dryden, crítico e dramaturgo inglês, disse uma vez que “primeiro  nós formamos os hábitos e depois os hábitos nos formam”. Isso quer dizer que, se você insistir, a leitura se tornará algo natural, até necessária. J.K. Rowling é ainda mais direta: “se você não gosta de ler, você não encontrou o livro certo”. Imagine se existisse um lugar onde você pudesse testar vários estilos, beber de vários autores, sem gastar um tostão… Opa! Esse lugar existe!

Finalmente, T.S.Elliot disse que “a mera existência de uma biblioteca é a melhor prova de que ainda há esperança para o futuro do homem”. Acho que é o que a gente mais precisa atualmente, não?