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Eu construí, meio sem querer, a minha vida.

Ainda menina, eu descobri a mágica que acontecia ao espalhar palavras sobre papel. Eu não ligava para brinquedos e até mesmo livros. Gostava mesmo era de manchar meu mundo com fontes e cores das cartas que recebia de várias partes do planeta. 

Familiares, amigos e até desconhecidos confiavam a mim fragmentos da sua vida, da sua cultura, dos seus valores e dos seus sonhos. Era a vida real, em vários tons e contrastes, se revelando bem à altura dos meus olhos.

Aqueles papeis bordados à caneta, ainda em letra de mão, deram asas à minha imaginação. Levaram-me mais longe do que minhas pernas podiam aguentar, mais fundo do que a minha ambição foi um dia capaz de alcançar.

Traçando e lendo aquelas linhas, eu aprendi que as conexões de papel não se desmancham facilmente – nem com lágrimas, com adversidades ou  com o tempo.