Queria fazer poesia
Sem saber se ainda poderia
Não porque me falte alegria
Respiro o essencial todos os dias
Debaixo de uma oliveira
Fui informada do que viria
A morte derradeira
O despertar de uma nova vida
Talvez a gente seja como os gatos
Donos de várias chances de vida
É preciso desapego e desacato
É preciso resiliência e ousadia
Não se pode temer os recomeços
Mesmo sem apoio e garantia
Divido uma receita contra o arrependimento
Não há dor maior do que a covardia
A quem me testa
A quem me desmerece
A quem me desafia
A quem não me conhece
Eu aviso:
Não desmereça minha potência
Por ver em mim as suas vulnerabilidades
Não me atribua a suas carências
Eu vivo em liberdade
Por fim, saúdo outono
Estação das folhas perdidas
Farei desse um período bem-sucedido
Honrarei cada despedida

