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A queda do bunker

Pedro sabia que era um cara de sorte, mas não imaginava quanto. Quando o isolamento social começou, ele montou um verdadeiro bunker em casa: congelados no freezer, cadeira gamer, tela extra e cerveja, cerveja e mais cerveja. Virou um maratonista: de trabalho; de séries e filmes na Netflix; de lives e cursos dos mais variados. É preciso colocar nessa lista as conferências, não só de trabalho, mas com diferentes grupos, de familiares e amigos, para comentar tudo o que acontecia. Uma atrás da outra. Sem parar.

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Só uma palavra ou um estilo de vida?

Impermanência, palavra mais bonita, que me acalma e me anima a seguir com a vida; palavra mais assustadora, que me faz sentir oca, desesperada e sofredora.

Impermanência, lista provavelmente infinita: é dedo na ferida, lágrimas caídas, emoções vividas, imaginação viva.

Impermanência, que varre tudo: sentimento, experiência, conflito, relação, briga, birra.

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Guerra

Era o século mais pacífico

até este momento

até um vírus expor a doença

que já existia

já provocava dores

já provocava separações

já se mostrava desumana

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Há um ano

Há um ano meus planos se desfizeram. Há um ano a rotina mudou. Há um ano não há mais abraços. Há um ano os encontros distantes se tornaram próximos. Há um ano não viajo, só navego. Há um ano olho nos olhos do medo, da dor, do ódio, do perdão, do amor. Há um ano aprendi o que é fé. Há um ano aprendi o que é desapego. Há um ano escrevo por ofício, por prazer e por urgência. Há um ano estudar se tornou meu oxigênio; ler, meu momento mindfulness. Há um ano aprendi a contemplar, a explorar novas formas de criar, a buscar meios de melhor conviver. Há um ano transito entre a revolta e a resignação. Há um ano reflito sobre o peso do individual no coletivo. Há um ano me despeço de pedaços que já não fazem mais parte de mim. Há um ano aprendi que não sei viver sem sonhar. Há um ano entendi que esses sonhos se reformam e se renovam – às vezes, diariamente. Há um ano meu horizonte se encurtou, mas minha consciência se expandiu. Há um ano aprendi como é fácil colecionar frustrações. Há um ano entendi como me faz bem agradecer. Há um ano mudei como me alimento de comida, notícias, pensamentos, emoções. Há um ano (re)descobri novas e velhas pessoas. Há um ano tento parar de pensar sobre o presente. Há um ano tento entender como chegamos aqui. Há um ano eu seria incapaz de imaginar o que estamos vivendo. Há um ano eu não teria criatividade para conceber este futuro presente. Há um ano eu não seria capaz de imaginar o tanto que essa experiência me transformou – e continua me transformando. Há um ano eu era outra pessoa. Há um ano eu espero por um recomeço. Há um ano eu recomeço todos os dias.

*A primeira contaminação de coronavírus no Brasil foi identificada em fevereiro de 2020. A primeira morte ocorreu no mês seguinte. Também em março o Governo do Estado de São Paulo decretou, pela primeira vez, quarentena no estado. Muitos de nós nunca saímos dela.

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