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Doce Viagem

O melhor da vida na nuvem

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Recado ao cansaço

Sinto-me em um amasso
não em um abraço
sufocada por um laço
que não me deixa dar um passo

Tu me roubas a vida
que fica bem menos colorida
sinto-me desprotegida
e distante da terra prometida

Meu antídoto contra ti é o sol
um verdadeiro farol
que me redireciona na estrada da vida
e me faz fortalecida

De ti sigo sem me despedir
mas já não preciso te agredir
minha fé é o elixir
pois minha alma descansa no porvir

**Poesia originalmente publicada no blog Mais um Café. Confira outras poesias, crônicas e contos clicando aqui.

Desconfinamento

Era uma tarde de sol com poucas nuvens pintadas no céu azul. Sentia-me abraçada por uma manta leve, que formava em meu corpo uma capa protetora contra o vento hostil, típico dessa época do ano. Repousava sobre o meu colo um livro, cuja história parecia se entrelaçar ao gracioso movimento da natureza ao meu redor. “Em momentos como estes”, disse o protagonista, “vemos a que deplorável espécie de brutos pertencemos.”

Continuar lendo “Desconfinamento”

Há um ano

Há um ano meus planos se desfizeram. Há um ano a rotina mudou. Há um ano não há mais abraços. Há um ano os encontros distantes se tornaram próximos. Há um ano não viajo, só navego. Há um ano olho nos olhos do medo, da dor, do ódio, do perdão, do amor. Há um ano aprendi o que é fé. Há um ano aprendi o que é desapego. Há um ano escrevo por ofício, por prazer e por urgência. Há um ano estudar se tornou meu oxigênio; ler, meu momento mindfulness. Há um ano aprendi a contemplar, a explorar novas formas de criar, a buscar meios de melhor conviver. Há um ano transito entre a revolta e a resignação. Há um ano reflito sobre o peso do individual no coletivo. Há um ano me despeço de pedaços que já não fazem mais parte de mim. Há um ano aprendi que não sei viver sem sonhar. Há um ano entendi que esses sonhos se reformam e se renovam – às vezes, diariamente. Há um ano meu horizonte se encurtou, mas minha consciência se expandiu. Há um ano aprendi como é fácil colecionar frustrações. Há um ano entendi como me faz bem agradecer. Há um ano mudei como me alimento de comida, notícias, pensamentos, emoções. Há um ano (re)descobri novas e velhas pessoas. Há um ano tento parar de pensar sobre o presente. Há um ano tento entender como chegamos aqui. Há um ano eu seria incapaz de imaginar o que estamos vivendo. Há um ano eu não teria criatividade para conceber este futuro presente. Há um ano eu não seria capaz de imaginar o tanto que essa experiência me transformou – e continua me transformando. Há um ano eu era outra pessoa. Há um ano eu espero por um recomeço. Há um ano eu recomeço todos os dias.

*A primeira contaminação de coronavírus no Brasil foi identificada em fevereiro de 2020. A primeira morte ocorreu no mês seguinte. Também em março o Governo do Estado de São Paulo decretou, pela primeira vez, quarentena no estado. Muitos de nós nunca saímos dela.

Quando tudo isso passar…

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Quando tudo isso passar

talvez o desconhecido seja eu

pois já não calço os mesmos sapatos

nem me encaixo nos mesmos relatos Continuar lendo “Quando tudo isso passar…”

Entre excessos e carências da quarentena

 

Também confinado, Aurélio saiu, literalmente, do armário nessa quarentena. Foi um conselheiro leal, até se tornar… dispensável. A demissão, sem ao menos um “muito obrigada” ou “até logo”, impôs-lhe uma aposentadoria compulsória. Estava decretado o seu fim. Continuar lendo “Entre excessos e carências da quarentena”

Mais um dia ou um dia a mais?

Mais um dia
de silêncio exterior
de balbúrdia interior
de asfixia

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Há quem diga…

Foto: Pixabay

Há quem diga / que no confinamento / não há poesia.

Continuar lendo “Há quem diga…”

Quando foi?

As folhas e flores do limoeiro do quintal

Quando foi que deixamos de nos maravilhar com a vida?

Quando foi que deixamos de enxergar o sol que pinta de dourado tudo que toca?

Quando foi que deixamos de notar as nuances de azul em um céu de outono?

Quando foi que deixamos de sentir o perfume que a terra exala ao ser tocada pela água gelada e cristalina?

Quando foi que deixamos de perceber como as folhas e flores reagem a convidados inesperados que em sua superfície pousam?

Quando foi que deixamos de sentir o beijo do vento em nossa face e o cuidado da terra sob os nossos pés?

Quando foi que deixamos de ouvir o canto da natureza e a melodia dentro de nós?

Quando foi que deixamos de olhar para o outro, sentado bem ao nosso lado?

Quando foi que deixamos de apreciar o calor do toque, o som da palavra, o brilho no olhar?

Quando foi que deixamos de apreciar o tempo que nos foi dado?

Quando foi que deixamos de nos sentir parte desse Todo?

Quando foi que deixamos de viver em sintonia?

Quando foi de que deixamos de brincar, de respirar, de conviver?

Quando foi?

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