O céu ainda está escuro quando ele se senta em frente à janela do segundo andar do sobrado cor de terra. Passa o dia a observar o horizonte, sem esboçar uma reação, além de um discreto sorriso, perceptível pela covinha atrevida na bochecha direita. Parece inerte, quase apático, mas a verdade é que o seu interior está inundado pelo mundo à sua frente – a temperatura, os cheiros, os barulhos, os seres.
Continuar lendo “A janela no homem”Rabisquei uma oração
para acalmar meu coração
após ver as notícias na televisão
Bem que eu gostaria
de escrever uma poesia
que suavizasse minha ira

fui sendo engolida
sem colocar medida
por uma força maligna
discreta e inimiga

Ela tem página na Wikipédia e teve sua história retratada por jornais nos quatro cantos do mundo. Colette nasceu às vésperas da I Guerra Mundial e ainda carrega em si o espírito de La Belle Époque.
Continuar lendo “A pianista mais sábia do mundo”
Sinto-me em um amasso
não em um abraço
sufocada por um laço
que não me deixa dar um passo
Tu me roubas a vida
que fica bem menos colorida
sinto-me desprotegida
e distante da terra prometida
Meu antídoto contra ti é o sol
um verdadeiro farol
que me redireciona na estrada da vida
e me faz fortalecida
De ti sigo sem me despedir
mas já não preciso te agredir
minha fé é o elixir
pois minha alma descansa no porvir
**Poesia originalmente publicada no blog Mais um Café. Confira outras poesias, crônicas e contos clicando aqui.
Como a bailarina em uma valsa,
a pétala flanou pelo ar
até pousar no chão.
Sua delicadeza não passou despercebida
principalmente pelo coração,
calado de dor por se recusar a entender
que o fim é um desfecho,
mas também um começo. Continuar lendo “A promessa de uma valsa”
Quando tudo isso passar
talvez o desconhecido seja eu
pois já não calço os mesmos sapatos
nem me encaixo nos mesmos relatos Continuar lendo “Quando tudo isso passar…”

Quando foi que deixamos de nos maravilhar com a vida?
Quando foi que deixamos de enxergar o sol que pinta de dourado tudo que toca?
Quando foi que deixamos de notar as nuances de azul em um céu de outono?
Quando foi que deixamos de sentir o perfume que a terra exala ao ser tocada pela água gelada e cristalina?
Quando foi que deixamos de perceber como as folhas e flores reagem a convidados inesperados que em sua superfície pousam?
Quando foi que deixamos de sentir o beijo do vento em nossa face e o cuidado da terra sob os nossos pés?
Quando foi que deixamos de ouvir o canto da natureza e a melodia dentro de nós?
Quando foi que deixamos de olhar para o outro, sentado bem ao nosso lado?
Quando foi que deixamos de apreciar o calor do toque, o som da palavra, o brilho no olhar?
Quando foi que deixamos de apreciar o tempo que nos foi dado?
Quando foi que deixamos de nos sentir parte desse Todo?
Quando foi que deixamos de viver em sintonia?
Quando foi de que deixamos de brincar, de respirar, de conviver?
Quando foi?