Foto: Arquivo Pessoal

Eis-me aqui, embora muitos passam por mim sem me reconhecer. Tornei-me uma anônima – ou, simplesmente, mais uma entre tantas outras sem status algum.

Tento me convencer de que os meus quarenta e pouco anos, dispostos ainda em uma cintura fina, não chamam tanto a atenção. Ou, talvez, não tenha os atributos para fazer história embora de história seja feita.

Meus ancestrais habitaram essa terra bem antes de ela ser “descoberta”. Ocupavam toda a região litorânea, do Rio de Janeiro ao Rio Grande do Norte, formando arranha-céus naturais de até 30 metros de altura.

Quem aqui mais tarde chegou rendeu-se aos nossos encantos de uma forma esquisita. Em vez de louvadas, fomos perseguidas, exploradas e aniquiladas por mais de 300 anos. Transformaram-nos em objetos inanimados; com o nosso sangue tingiram a nobreza. A fama não garantiu a nossa sobrevivência, mas o extermínio.

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