
Da janela, um presente mal captado pela lente do celular. O ipê roxo segue o seu ciclo de vida e morte. Já não está tão cheio, mas ainda tira o fôlego. Resplandece nos dias de sol, de chuva, de nuvens carregadas. Cumpre sem papel, sem desculpa, com propósito, de propósito.
Do alto é possível ver a quantidade de passarinhos que o visita. Diferentes espécies. Entre elas, um grupo de periquitos. Namoram a flor antes de fazer chover pétalas, que cobrem o telhado da casa, o quintal, a calçada formando um tapete delicado. Brincam de galho em galho. Quando o momento chega, um momento tão deles, saem juntos para um novo destino. Parecem guinchar de alegria, como crianças em um parquinho, partindo para um novo brinquedo.
Há muitos detalhes nesse quadro emoldurado pela minha janela. Uma fuga da realidade apressada e barulhenta. Uma fuga da ilusão. Um encontro com a verdadeira vida. Muitas vidas em poucos minutos de observação.
