Não foi resolução de Ano Novo, mas uma decisão de mudar a sintonia. Se não dá para sair de casa sem celular, é possível deixá-lo bem escondido na bolsa para observar o mundo além das telas. Não é difícil perceber que sou uma exceção. Nas ruas há cada vez mais pessoas olhando para a palma da mão ou absortas da realidade com os seus fones de ouvido, completamente desconectadas do entorno. Engajam-se em conversas com interlocutores distantes, escutam músicas e leem histórias, sem perceber os personagens, a trilha e a narrativa do lugar onde vivem ou por onde passam.
Ou não.
Aquele jovem cabeludo e tatuado nem imagina que, ao ingressar na estação da linha amarela, ajudou a derrubar algumas crenças – a começar pelo livro de, pelo menos, 600 páginas, carregado como se fosse um pequeno haltere. Não dizem que as novas gerações não leem? Aquele calhamaço era 100% analógico. Aposto que tinha letra pequena e nenhuma outra ilustração além daquela na capa. Não consegui identificar o título, mas dava para sentir o cheiro de sangue talhado na espada reluzente do herói.
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