De repente, aquelas mãos delicadas tornaram-se descomunais sobre a mesa. Ela estava pronta para narrar a própria história. Não esconde a vaidade, nem tem vergonha de exibir as marcas e manchas inerentes à vida. “Eu até tenho do que me queixar, mas decidi ainda menina não perder tempo com isso”, disse. Garantiu que a adolescente de rímel turquesa, chiclete atrevido e decote ameaçador ainda vive dentro daquela senhora de cabelos platinados, unhas imponentes e sapatos avermelhados. “Eles têm a cor da terra que deixei para trás”, avisa. “Sobrevivi ao sertão quando aprendi que não precisava nem queria ser salva.”

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