E, de repente, ela descobriu que a coragem que ela precisava não constava nos livros, nos filmes ou em qualquer manual. Tampouco adiantava conselho, mandinga ou palpite. A realidade indesejada exigia uma resposta diferente – e única.

Ela precisava seguir a voz do seu coração e descobrir, entre desfiladeiros e encruzilhadas, hematomas e fraturas, como cultivar a coragem para:

…  agir com empatia e ser gentil na ventania;

… ter paciência e fibra moral para atravessar o vale das dores, das incertezas, das incoerências e das tristezas;

… render-se, perdoar-se e se reinventar sem moderação e nostalgia;

… abandonar sem remorsos os planos já sem sentido, aceitando sua impotência diante do mundo e valorizando a impermanência e a fragilidade da vida;

… renunciar a pessoas e espaços para preservar a própria voz, essência e propósito;

… encontrar a graça da vida nos lugares mais inusitados e inesperados;

… cruzar fronteiras, não limites, mesmo sem sair do lugar;

… se lembrar de que acolher, permanecer, cuidar, abençoar e bendizer é mais importante do que ganhar, acumular e conquistar;

…  não temer a ferida, viver a vulnerabilidade e honrar a vida;

… atravessar a escuridão carregando o céu estrelado no peito.

Ela entendeu que a coragem pode até ser inata, mas exige treino diário e é a missão de uma vida – por vezes solitária, mas nunca sozinha.

É a receita para romper os casulos e viver cada morte em paz.

É o caminho para viver o amor e viver de amor.

Até o último suspiro.

Leia mais sobre Coragem no Doce Caminho #37.