Difícil não reparar em B — e não falo do porte físico bem definido, mas da presença. Sempre bem-humorado, educado e ágil. Por isso, sou sempre atraída para o caixa dele, mesmo que esteja mais movimentado.
Um dia, entre um item e outro, ele revelou que gosta de cantarolar mesmo quando está triste. Contou que, embora seja comunicativo, tem dificuldade de expressar o que sente, então por meio de uma música ele consegue atravessar o que incomoda e libertar o que não serve.
Ontem, ele estava treinando uma colega para operar a balança, o caixa, tudo. “Mas a melhor parte,” disse para ela, “são os clientes. Poder conhecer pessoas novas, trocar ideias.” Contrariando o filósofo, que disse que o inferno são os outros, para ele, não é. Não mesmo.
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