Não sou um deserto

Sem sentimento

Sem horizonte

Sem casamento

Sou um oceano

Vasto e arredio

Com encontros insurgentes

Ora gentis, ora insolentes

Há dias em que eu sou o sol

Brincando pelos cantos

Lançando encantos

Atiçando as sombras

Ao atravessar esta redoma

Sou parte do bioma

Desfruto de afinidades

E aperfeiçoo minha identidade

Essa é a minha revolução

Meu grito de guerra

Minha bandeira branca

Minha prática ilícita favorita

Mesmo quando perco a rima

E tenho o coração fora de compasso

Sei que não sou um pedaço

Nem um pouco prisioneira

Sou íntegra, sou verdadeira

Sou este ser sem rotina

Que sem pedir licença

Escreve sua própria sentença

** Este texto foi originalmente publicado no blog Mais Um Café?