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Caco era um desses anônimos paulistanos escondidos atrás de roupas pretas e capacete. Como motoboy, ele rodava o equivalente a dois mil campos de futebol por dia. Talvez até você já tenha cruzado com ele em alguma esquina. Só não sabia seu nome e subestimava a travessia que estava fazendo. 

Há alguns anos, Caco trocou a moto por um avental de chef.  A mudança foi motivada por tradição e dom; conquistada com muito trabalho e disciplina.

Esse catarinense de Itajaí cresceu comendo frutos do mar. Aos 15 anos, mudou-se para São Paulo, cidade que já abrigava seus tios. “Na década de 70, eles vieram tentar a sorte e trabalharam como garçons até abrir seu próprio restaurante”. O negócio cresceu e se transformou em duas redes: Jucalemão e Schnapshaus.

Foi com o Tio Hercílio que ele aprendeu seu primeiro prato “complicado”, o Paprika Schinitzel, um filé de lombo grelhado com molho páprika. “Brinco até hoje que tomava esse molho na mamadeira quando criança.” Foi ali também que ele percebeu que a experiência que ganhava nos restaurantes da família não era suficiente. “Faltava uma especialização”.

Por isso, decidiu conciliar trabalho e faculdade por alguns anos. Só passou a se dedicar 100% à gastronomia quando foi fazer estágio no restaurante Al Mare, da rede Don Peppe de Nápoli. Em paralelo, começou também uma consultoria para o Bar da Praça, de quem logo se tornou sócio.

Caco mantém até hoje um pé nas raízes e outro, em terras paulistanas. Sua especialidade é a Paella e, há seis anos, comanda um evento em Blumenau tendo esse prato espanhol como destaque. No Bar da Praça, explora as preferências paulistanas: o chopp bem tirado, a feijoada e a coxinha. A casa virou tradição na Vilaboim, já completou dez anos e conta com 30 funcionários e cinco motoboys terceirizados para entregas.

Caco diz que o sucesso dos seus pratos está na qualidade dos produtos comprados no Mercadão e no amor e prazer que adiciona às receitas. No fundo, é mais do que isso. “Cozinhar para mim é uma arte”. Sorte a nossa, chef!