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Clarinha e Lu, explorando um mundo novo para as duas

Tem gente que tira sabático para se encontrar, para viver novas experiências, para descobrir o mundo. Luciane adicionou a essa lista mais um motivo: ser mãe. A chegada da sua caçula despertou a coragem para redefinir suas prioridades e investir em TEMPO – para os filhos, para a família, para si. 

Entregar-se a um sabático é um processo demorado. Pode começar com um desejo, que é suprimido por um tempo. O de Luciane surgiu quando Rafael, hoje com quatro anos, nasceu.

Quando o desejo se torna um incômodo, chega a fase da ginástica, com muito brainstorming e exercícios aritméticos. “Eu e o meu marido conversamos muito para pesar prós e contras. Não é uma decisão fácil de se tomar, ainda mais com o país em crise e com dois filhos para sustentar”. A chegada da Clara foi decisiva. “A gente concluiu que era o melhor a se fazer agora – para nós e para as crianças. Reduzimos despesas, guardamos dinheiro e colocamos nosso plano em prática”.

O processo também se caracteriza por muitas despedidas e recomeços. “Nunca vou me esquecer de como foi bonito o meu último dia no lugar onde trabalhei por quase oito anos. Eu fui aplaudida pelos colegas na hora de ir embora. Foi difícil partir, mas era o que eu tinha que fazer”.

Carregada de sentimentos, a vida escolhida se revela em novas experiências e surpresas.  “No meu primeiro dia de sabático, fui buscar os meus filhos na escolinha. Eu nunca conseguia fazer isso, porque saía do trabalho às oito da noite. Pouco antes, passei num shopping próximo para tomar um café e dei de cara com uma estátua gigante de um Buda Dourado”. Para quem crê, esses são os presentes silenciosos e pacificadores do destino. “Aquilo para mim foi um bom sinal. Joguei uma moeda e pedi que esse seja um período de harmonia, aprendizado e amor. Saí de lá e fui direto abraçar os meus filhos”.

De lá para cá, Luciane já realizou outro desejo antigo. “Há tempos eu penso em ter um blog. Queria um assunto que me tocasse na alma e nada me move tanto hoje como a maternidade”.  De acordo com ela, esse é um período bem diferente daquele idealizado pela sociedade e só se pode compreender todas as suas dimensões ao vivenciá-la. “A maternidade é o maior aprendizado que existe. Nada exige tanto do seu corpo, da sua alma e do seu tempo, mas o aprendizado e o amor que você recebe em troca, isso ninguém tira de você”.

E é com a generosidade de mãe e a alma de escritora, que essa mulher divide as reflexões sobre filhos, família e a cola que une todo e qualquer ser humano. “Espero que meus relatos ajudem outras pessoas a entender mais esse momento e como ele é único na vida de uma família. Quero falar sobre amor e como isso faz diferença na vida de outro ser”.

No fim das contas, o sabático de mãe também é um período para se encontrar, para viver novas experiências e descobrir um novo mundo.