Quando era menina, Bruna preenchia diários e mais diários com seus pensamentos e aventuras. A prática se tornou tão prazerosa que virou profissão. Autora de quatro livros, incluindo a biografia de Sidney Magal e Roberto Menescal, ela nunca abandonou o mergulho interior – pelo contrário, percebeu que, ao ampliar o olhar sobre o seu universo, seu ofício saía ganhando. Incansável, formou-se em Psicanálise e se dedica hoje, entre outras atividades, a ajudar pessoas na busca pelo autoconhecimento através da escrita. Trata-se da Escritoterapia.
Bruna explica que essa ferramenta pode auxiliar em diversos processos – desde a resolução de problemas ao autoconhecimento e cura interior, passando pela conquista de sonhos e metas. “Eu diria que não é primordialmente uma questão de encarar um papel e uma caneta, mas sim uma questão de estar determinado a encarar a vida de frente e tirar dela as lições que está disposta a nos oferecer”. Quem não tem intimidade com a caneta ou com o teclado não precisa se preocupar. “Eu sempre digo aos meus alunos que, para mim, o conteúdo é sempre mais importante do que a forma: de nada adianta produzir um texto estruturalmente complexo ou gramaticalmente profundo se o conteúdo for raso”, ressalta a especialista, para quem mais vale a experiência humana que a proficiência com a escrita. “Eu penso que saber encarar papel e caneta é o que menos interessa nesse processo, porque o importante é ter – e saber – o que dizer. Para isso não é preciso ser um escritor profissional, mas sim um ser humano profissional“.
Quando guiada por um profissional preparado, a Escritoterapia ajuda a descomplicar questões internas, pois vai muito além do desabafo, ao desembaralhar sentimentos, emoções, silêncios, traumas e memórias armazenados em nossa mente. “Como Psicanalista, eu exerço a linha Lacaniana, então para nós tudo o que está no texto – e até o que não está – é avaliado com muito critério e delicadeza para entender o contexto da situação de maneira completa. Assim sendo, eu posso afirmar que a escrita possui sim um potencial de cura, desde que exercida com o acompanhamento de alguém que tenha capacidade e conhecimento para guiar e auxiliar na interpretação do seu processo”.
Além de aplicar no consultório e utilizar em benefício próprio, Bruna também ministra cursos e palestras sobre esse processo, que respeita as particularidades de cada um. “Tenho alunos que só escrevem à lápis, outros que só escrevem no bloco de notas do celular e outros ainda que só escrevem no computador. Eu sugiro que cada um escreva como se sentir mais confortável, sem sentir-se incomodado com a forma como está escrevendo. Na minha opinião, neste caso não existe certo ou errado”.
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