
Ela tem dia para chegar
mas também gosta de surpreender
aparecendo sem avisar
tentando mesmo me enlouquecer
Me faz entrar em contato
com um amor tão profundo
que seria um tanto insensato
não reconhecer algo tão fecundo
Talvez a dor que ela me causa
seja mais pela sua onipresença
ou seria pela impotência?
É tudo tão confuso e tão dolorido
que só posso agradecer pelo tempo vivido
pode parecer um tanto descabido
mas ainda vejo os sorrisos
rio das tiradas sem sentido
e choro escondido
muitas vezes até rindo
pelas histórias tão vivas
que ainda carrego comigo
Ah, saudade, sua bandida
quando você chega assim
sem aviso nem convite
meu peito não aguenta
e chia uma melodia triste
Tento refletir sobre o que isso significa
e coleciono perguntas
tão absurdas e nada absolutas
como deixar de sentir?
como substituir?
como insurgir?
parece até que vou implodir
ou explodir
em lágrimas e dor
em lágrimas e raiva
em lágrimas e amor
Quando me pergunto se lá tem cabimento
guardar assim tanto sentimento
viver separado e em sofrimento
me dou conta de que estou viva
e não sei se é coragem
protagonismo ou maluquice
mas perco o medo da pieguice
decreto o fim da escuridão
reconheço a força e a beleza da conexão
De uma outra perspectiva
ainda que me sinta perdida
decido fazer desse ponto e vírgula
nada mais do que uma breve pausa
na nossa narrativa
infinda.
Até sempre!
(In memorian de Conchita M. Gori, Fernanda C. C. Mello e Rafael Ciccone Pinto)
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