
fui sendo engolida
sem colocar medida
por uma força maligna
discreta e inimiga
engoli tudo como comida
sabia que estava malnutrida
que aquilo minava minha energia
roubava-me pouco a pouco a vida
foi em um sonho estranho
se não me engano
que expeli tudo pelo umbigo
tudo que não devia mais estar comigo
palavras não ditas
sonhos perdidos
noticiário maldito
dores suprimidas
julgamentos apressados
ressentimentos homicidas
já não tinham mais em mim
abrigo
sentia-me ainda em dívida
interna e profundamente dividida
com escaras doídas
pulsando em noites maldormidas
peço perdão ao mundo
por esse presente imaturo
que envergonha o passado
e deixa nublado o futuro
já não sei quem sou
ou o que de mim será
vejo a cicatriz que se formou
sem saber o que dela brotará
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