Há meses Astolfo vê o sol nascer quadrado. Os vizinhos estranharam o sumiço daquela figura vistosa e simpática, que andava de lá para cá, fazendo amigos com facilidade. Não passava pela cabeça de ninguém o problema que ele tinha. Astolfo era cleptomaníaco.
A simpatia dele escondia a dissimulação. Cada movimento era calculado: ele se aproximava das vítimas e criava tanta intimidade que ninguém era capaz de desconfiar. Tão boa-praça, tão querido…
Astolfo logo se tornava parte da rotina da casa. O golpe começava lenta e gradualmente: papel higiênico, catálogos, roupas, porta-joias…
A situação ficou tão feia que Astolfo foi impedido de sair de casa, agora cheia de telas e grades. Nem os seus “miaus” são ouvidos pela vizinhança, o que poderia indicar uma depressão pela prisão imposta.
Só que Astolfo não seu deu por vencido. Segundo os tutores, o gato passa a noite ocupadíssimo, carregando itens da sala para o quarto, do quarto para a sala. Talvez, seu problema não seja a cleptomania; talvez, Astolfo seja decorador, colecionador, um Robin Hood felino…
Quem sabe?
Esse post foi originalmente publicado no blog Mais Um Café?
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