Venho hoje pagar uma promessa à lua, que sempre me recorda da fábula dos quatro amigos: o coelho, o furão, o sagui e o lobo.
Eles adoravam se reunir sob as estrelas e contar os causos ocorridos nos vales e florestas. Mais sábio, o coelho falava de coisas que ninguém mais entendia, como os mistérios da natureza.
Uma noite, durante um desses encontros, ele lançou aos amigos um desafio: um dia de jejum e doação. O alimento encontrado deveria ser reservado e entregue a quem cruzasse o caminho. Sabe aquela história de fazer o bem sem olhar a quem? Então…
Assim que o sol nasceu, os quatro amigos partiram em busca do seu destino. O lobo encontrou carne em uma cabana vazia; o furão, peixes frescos à beira do rio; o sagui, mangas suculentas no alto de uma árvore. Os três bem acreditaram na sorte que deram, mas resistiram ao instinto de devorar imediatamente as iguarias. Nada era mais importante do que manter a palavra dada.
E o coelho? Bem, esse não encontrou nada de valioso – nem uma cenourinha. Não tinha nada além da grama onde descansava para dar. Só não caiu em desespero pelo seu fracasso porque uma ideia logo iluminou seu pensamento: oferecer a si mesmo como banquete.
E assim o fez quando um mendigo cruzou o seu caminho e pediu ajuda para matar a fome que lhe roubava o ânimo. Ele nem pensou duas vezes: saltou sobre as labaredas da fogueira feita às pressas pelo desconhecido.
Mal sabia aquele doce animal que aquele ser maltrapilho era, na verdade, uma fada. Diante de tanta bondade, ela decidiu eternizá-lo e espalhar seu exemplo mundo, espécies e gerações afora.
Levantou sua varinha e desenhou na lua a imagem do corajoso e generoso coelho, que lá se mantém inspirando nossos sonhos, ações e histórias.
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