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Joe trabalha no mercado financeiro e procurou aquele curso como saída para o estresse. Sentou-se quieto no canto da sala, espremendo as mãos e chacoalhando as pernas. Ele era um dos únicos londrinos do grupo; os demais tinham outra nacionalidade e haviam sido guiados até ali pela sua curiosidade. Harish Chavda, todo vestido de branco, prometia apresentar, no Google Campus de Londres, o melhor e mais barato antídoto para o estresse: Laughter Yoga. 

Esta terapia foi criada na Índia e, ao mesmo tempo em que provoca risadas, empresta a respiração yogue para oxigenar mais o corpo e o cérebro. “Seguro, fácil e cientificamente comprovada, a Yoga do Riso é muito divertida”.  

Não para todo mundo. Não para Joe, que foi embora logo depois da introdução. Mas quem poderia julgá-lo?

A prática começou com Harish colocando uma mala no centro da sala e pedindo que cada participante tirasse de lá um item: em geral, um chapéu extremamente colorido e espalhafatoso. Um elemento do grupo também foi nomeado guardião de um orangotango de pelúcia. Feita a ambientação, o terapeuta tornou clara as regras: “olhem-se nos olhos, imaginem-se na sua idade mais feliz e soltem-se”. Seria possível? Em meio a estranhos?

O grupo, formado por pessoas entre 20 e 45 anos, começou a brincar de ciranda e a entoar um “Ho Ho Ha Ha”.  Os olhos dos participantes expressavam vergonha, ceticismo. Aquilo não era natural para ninguém. Pelo menos, para quem tinha algum bom senso.

Só que Harish parecia não se render e transformou o Google Campus na Praça Castro Alves, com braços estendidos, palmas, trenzinho e marchinhas. A agitação era entrecortada por respirações profundas e gargalhadas, que começavam forçadas até se tornarem naturais e genuínas. Era tão contagiante que pessoas, do outro lado da rua, se espremiam na janela para entender o que aquele grupo estranho e barulhento fazia. Alguns até ousaram imitar os movimentos. 

Harish  jura que a Laughter Yoga promove a saúde e o bem-estar, fortalece o sentimento de grupo, motiva e mobiliza, além de incentivar a inovação e a criatividade. Deu liberdade, porém, para o grupo compartilhar suas próprias impressões.  

Foi simples? Sim Fácil? Não. Idiota? Sim. Divertido? Uhm, como não?

O médico alemão foi o que conseguiu articular melhor o sentimento de todos. “Eu me sinto estranhamente… feliz”.

Riso: o remédio mais antigo da humanidade, receitado por Vinicius de Moraes, Charles Chaplin e até pelo Bozo. Ho Ho Ha Ha