Lella nunca se deixou impressionar pelo mar agitado. Afinal, mudanças sempre fizeram parte da sua vida. Filha de um brasileiro com uma tailandesa italiana, saltou de cidade em cidade, de país em país, por anos. Na vida adulta, especializou-se em travessias e faz disso hoje o seu ganha-pão. “Trabalho para mim é um ato de servir e aplicar seu propósito na sua ocupação produtiva principal da vida. É quando conseguimos aplicar nossos talentos e paixões para sanar uma necessidade real do mundo e ainda seguir em direção ao futuro que desejamos viver”.
Lella fez duas travessias até chegar ao seu destino atual. “Na primeira, decidi não ser mais modelo por não enxergar coerência e alinhamento dos meus valores com as marcas e os produtos que eu estava atrelando à minha imagem”. A ficha caiu quando escutou uma diretora dizer ao produtor:
— “Você poderia mudar a mesa para a direita e a modelo para a esquerda?”
Ao ser tratada como um objeto, ela tomou consciência da sua própria postura e escolhas. Entendeu que deveria investir seu trabalho e tempo de vida no futuro que ela gostaria de criar. Partiu, então, para uma carreira em produção de eventos. Com o tempo, aquele incômodo voltou a aparecer e, com ele, mais um processo de reflexão. A busca por sentido é, para qualquer um, repleta de incertezas e dificuldades. “Só quando entendi a importância de me ancorar no meu propósito, e não na forma, é que eu me aquietei”.
Como coach, Lella criou o programa Travessia , voltado para pessoas que buscam uma mudança capaz de injetar no dia a dia mais felicidade, bem-estar e realização. “Não tem resposta pronta nem caminho certo para seguir”. Em geral, os participantes saem com mais clareza do que desejam transformar em suas vidas e quais os próximos passos. Os 500 marujos que já se aventuraram nessa travessia têm em comum:
- o desejo de mudar o ambiente em que atuam
- o sucesso externo e a insatisfação interna
- a infelicidade com a vida que estão levando
- a irritação por não terem controle do seu tempo
- a vontade de trabalhar com algo que amem
- a intenção de ter um estilo de vida mais alinhado com os seus valores
- o interesse em deixar um legado para as futuras gerações
- a busca por autonomia e liberdade para viver
- a necessidade de uma relação mais harmônica entre vida e trabalho
- a frustração por não estarem fazendo algo útil para ajudar as pessoas
- a determinação para procurar caminhos diferentes
- a abertura para aprender, se desvendar e se reinventar
- a ânsia por ser mais honesto consigo mesmo e com o coletivo.
Se você se identificou com um ou mais pontos, saiba que, de acordo com Lella, não há momento certo para fazer sua transição; só aquele que você escolher. “Se você estiver procrastinando, lembre-se que o seu tempo é tempo de vida. Então tome cuidado para que a sua vida não passe em vão”.
Como um dia escreveu a poeta americana Mary Oliver, “diga-me: o que é que você pretende fazer com a sua selvagem e preciosa vida?”.
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