Assim descreveu o cineasta norueguês Jan Christian Mollestad a reação de Marianne Ihlen ao recado enviado por Leonard Cohen. A norueguesa, um dia eleita pelo cantor a mulher mais bonita que já conhecera, encheu o mundo de amor, música e poesia até depois da sua partida, em 28 de julho de 2016.
Debilitada por uma leucemia, ela ouviu da boca de Mollestad o recado de Cohen: “Bem, Marianne, chegamos a esta época em que somos tão velhos que nossos corpos caem aos pedaços. Acho que a seguirei muito em breve. Saiba que estou tão perto de você que, se estender sua mão, acredito que poderá tocar a minha”. E ela espichou sua mão ao escutar essas palavras, contou o cineasta em uma carta reproduzida por sites do mundo todo.
A amiga e escritora Kari Hesthamar descreveu a norueguesa da seguinte forma: “Marianne tinha esse dom: ela fazia você se sentir como se fosse realmente visto; ela tornava você a melhor versão de si mesmo. (…) Ela falava de como o amor não acaba. Relacionamentos terminam, as pessoas morrem, mas o amor que você recebeu permanece dentro de você“.
Cohen dividia também isso com Marianne. Certa vez declarou que “o amor nunca morre e, quando há uma emoção suficientemente forte para unir uma canção ao redor disso, algo naquela emoção torna-se indestrutível”. Foi esse o desfecho do amor entre a norueguesa e o canadense. Ela foi a inspiração para “So Long, Marianne”, lançada em 1967 e regravada por Beck, Suzanne Vegas, entre outros. Cohen perpetuou aquele amor e sua emoção indestrutível acompanhou Marianne até no leito de morte. “Causou-lhe uma profunda tranquilidade saber que você estava ciente do estado dela. E sua bênção para a viagem dela lhe deu uma força adicional. (…) Durante sua última hora, tomei sua mão e cantarolei Bird on a Wire, enquanto ela respirava muito ligeiramente. E, quando deixamos o quarto, depois que sua alma voou pela janela em busca de novas aventuras, beijamos seu rosto e sussurramos suas eternas palavras: So long, Marianne“, declamou Mollestad.
No livro “Songwriters on Songwriting”, Cohen explica para o autor Paul Zollo o propósito de qualquer música. “Músicas não dignificam a atividade humana. A atividade humana dignifica a música”. O amor também.
Até logo, Marianne.
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