Rafael fixou moradia em Araguaína, a mais de 330 km de Palmas. Para chegar à cidade, habitada até o século XIX por índios Carajás, leva-se 7 horas de ônibus da capital do TO ou 40 horas de SP. Dali ele atua em projetos e apoia várias comunidades camponesas. São famílias que já foram assentadas pelo Governo Federal ou que buscam judicialmente o reconhecimento para o seu pedaço de terra. “Além do acompanhamento, nós promovemos oficinas de capacitação para que eles saibam quais sãos seus direitos, a que órgãos recorrer e como o fazer. Trabalhamos também outras questões, como a permanência na terra dos jovens, a diversidade de gêneros e a prevenção e o combate ao trabalho escravo”.
A Comissão Pastoral da Terra, ou CPT, nasceu durante a ditadura militar por iniciativa da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), preocupada com as condições dos trabalhadores rurais, posseiros e peões. O objetivo é pelo conhecimento empoderar pessoas que vivem em situação de vulnerabilidade social no campo. “A ideia é que elas consigam ir atrás do que precisam sozinhas, sem depender sempre da gente. Almejamos o protagonismo”. Muitos dos programas criados, além de financiamento, já receberam reconhecimento internacional.
Com as histórias que acompanha e transforma, Rafael aprende, comove-se e se descobre. Ele já não aceita mais o papel do “bom menino da igreja que foi para o Norte salvar as pessoas”. Aplica, do seu jeito, o protagonismo que ensina aos outros em sua própria vida. Desprende-se, assim, dos rótulos, descola-se da saudade e se encarrega de descobrir, do seu jeito, o seu próprio caminho. Sem pressa nem medo, segue vivendo o que precisa. “Ainda tenho coisas para fazer aqui, então cá estou”.
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