Na adolescência, Patrícia trocou os estudos e o sonho de fazer jornalismo pelo comércio. A decisão foi tomada depois do desmantelamento da família, causado pela separação dos pais e pelo falecimento do irmão. Ela suou a camisa para garantir a sua sobrevivência, até que uma atitude impulsiva mudou drasticamente a direção da sua vida.
Tudo aconteceu no trajeto que fazia para chegar ao trabalho. “Um dia, em um ímpeto, eu toquei a campainha de uma escola de educação especial e me ofereci como voluntária por algumas horas semanais”. Patrícia era jovem e não tinha experiência nem expectativas. Quem daria uma oportunidade a alguém que não completou o Ensino Médio?
Seu impulso foi acolhido e lhe rendeu uma bela surpresa: uma proposta de trabalho logo no primeiro mês. “A diretora me disse que via uma chama nos meus olhos quando estava no meio dos alunos, algo que poucas vezes tinha observado em muitos anos na escola”. Ali Patrícia descobriu-se educadora e iniciou, aos poucos, sua especialização.
Afastou-se do trabalho somente para ter filhos e, como muitas mães, viu o medo bater à sua porta. “Cheguei a pensar: será que vivi tudo isso para acabar a vida decidindo se vou fazer carne ou frango no jantar?”
Os lamentos pouco duraram. Patrícia brinca que tem uma hiperatividade diagnosticada, um belo disfarce para a coragem que a governa em momentos de dúvida ou provação. “Percebi que o importante é estar inteiro no que se está fazendo. Se é uma dona de casa feliz, ótimo. Se não é, tem que ir átras”. E foi o que ela fez.
Chegada a hora, Patrícia montou um negócio próprio, pelo qual promove oficinas criativas em condomínios, eventos e festas. Aos poucos, integrou-se ao time do Instituto Kos e se tornou consultora de uma escola. Também arrumou tempo para garantir o diploma de Pedagogia.
Sua agenda, como ela mesma diz, é um quebra-cabeças. Além de tempo, de onde Patrícia tira tanta disposição? “De uma vontade absurda de realizar”.
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