A primeira tradução de Orgulho e Preconceito no Brasil foi feita por Lúcio Cardoso para a Coleção Fogos Cruzados, da Editora José Olympio, em 1940
Em 1809, o vilarejo de Chawton recebeu sua mais ilustre moradora, a inglesa Jane Austen. Ela adotou a biblioteca da casa como seu cômodo preferido por ser uma fonte inesgotável de conhecimento e inspiração. Ali também Jane revisou seus primeiros livros – A Abadia de Northanger, Razão e Sensibilidade, e Orgulho e Preconceito – e escreveu Mansfield Park, Emma e Persuasão. Seu prazer pela leitura e escrita mantém-se vivo não só pelos seus clássicos, mas também pelo trabalho promovido pela Jane Austen Literacy Foundation, que conta hoje com o apoio de uma brasileira.
A gaúcha Raquel Sallaberry foi escolhida para essa missão por ser não só uma admiradora da inglesa mas também pelo trabalho que já faz para difundir e preservar o legado da escritora. Desde 21 de junho de 2008, ela dedica voluntariamente boa parte do seu tempo ao maior acervo online sobre Jane Austen no nosso idioma. “Eu estava procurando por Jane Austen na web e não encontrava nada relevante em português. Procurei então o domínio www.janeausten.com.br na esperança de encontrar algo e, para minha surpresa, estava livre. Comprei na hora e iniciei o blog Jane Austen em Português do Brasil”.
Em oito anos e meio, a plataforma acumula mais de 3 mil posts, além de 2 milhões de pageviews. Conta também com a Biblioteca Jane Austen, um espaço adicional onde estão catalogados livros, filmes e textos-guias para a leitura de Jane Austen. “O que acho mais importante, e surpreendente nos tempos de rede sociais, é a participação dos leitores com seus comentários (em torno de quinze mil) e que são o impulso para que o blog continue”.
Raquel, que já trabalhou com mecânica industrial e de aviação e hoje é diagramadora, é tão dedicada à obra de Jane Austen, que se tornou uma especialista no tema. É ela quem assina, por exemplo, a introdução de Sanditon, traduzido por Ivo Barroso e publicado pela Editora Nova Fronteira com o título de Novelas inacabadas: Os Watsons e SanditonNovelas inacabadas: Os Watsons e Sanditon. Por tudo isso, não há surpresa alguma no reconhecimento e recrutamento feito pela Jane Austen Literacy Foundation.
A instituição sem fins lucrativos foi fundada em 2014 por Caroline Jane Knight, que faz parte da 5ª geração de sobrinhos da escritora. Tendo na essência a paixão de Jane Austen por livros, a Fundação apoia-se no tripé Educação-Empoderamento-Prazer para desenvolver o trabalho com crianças, jovens e adultos. “A JALF foi criada para fomentar a alfabetização em comunidades carentes em qualquer parte do mundo. Minha participação será a divulgação do projeto”.
A sobrinha de Jane Austen não poderia ter encontrado melhor aliada. Raquel descobriu a escritora já na fase adulta e se apaixonou “pela mistura de humor, perspicácia e acidez na dosagem exata”. Leu todos os livros, viu todos os filmes e, com a firmeza de uma especialista, não hesita em fazer recomendações. “O ano de 1995 foi a melhor safra de filmes sobre a obra de Jane: Razão e Sensibilidade, com roteiro e atuação de Emma Thompson e Hugh Grant; Persuasão, com Ciaran Hind e Amanda Root; e por último, Orgulho e Preconceito, na minissérie com Colin Firth e Jenifer Ehle. A série Razão e Sensibilidade, de 2008, com Hattie Morahan e Dan Stevens, também está entre as melhores. Emma, com Gwyneth Paltrow e Jeremy Northan, e Northanger Abbey, com Felicity Jones e JJ Feild, estão na minha categoria de graciosos. E, finalmente, em relação a Mansfield Park, a única que gostei foi a versão de 1986 com Sylvestra Le Touzel e Nicholas Farrell, apesar de achar que precisa de uma nova filmagem, mas que mantenha a essência da obra, diferente das últimas versões produzidas”.
Escolher um livro já não é tão fácil assim para Raquel, que se iniciou no mundo de Jane Austen pelas mãos de Lizzie Bennet. “Quando me pedem para escolher, fico dividida entre Orgulho e Preconceito e Persuasão. Tem também Sanditon, a novela na qual ela estava trabalhando quando morreu e que, ao que tudo indica, seria uma volta ao humor de suas obras iniciais”. Ela não tem dúvidas, porém, que personagem da escritora inglesa ela escolheria ser. “Mr. Darcy”.
27/01/2017 at 2:26 pm
Tatiane, muito obrigada pela entrevista! Raquel
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