Heloísa em ação, por Cátia Vieira

Quem nunca sentiu aquele frio na espinha ao pensar em mudar o curso da vida? Heloísa já viveu isso e sempre escolheu não se deixar paralisar. A primeira vez foi ao largar a vida executiva para ser mãe em tempo integral. Não ficou abalada nem com os comentários de que a sua decisão era uma loucura. Ela simplesmente confiou na escolha que fez com o marido. “Foi uma parceria para começar a nossa família do jeito que imaginávamos, com um ritmo menos acelerado”. No tempo dela, voltou ao mercado de trabalho, sem abrir mão de seguir novamente seu coração. 

Antes mesmo de engravidar, a diretora de uma agência de comunicação pediu demissão para se dedicar integralmente ao seu novo momento. “Quis viver a gestação e a maternidade. Também não me sentia confortável com a ideia de terceirizar a formação deles nesse começo de vida”.

A mãe do Pedro, de cinco anos, e do Lucas, de quase três, estava tão certa do que queria para si e para a sua família que nem deu ouvidos a quem dizia que ela “nasceu para trabalhar” ou que deveria “largar o emprego mais para a frente para aproveitar a licença-maternidade”. “Eu estava muito segura da minha escolha, foi tudo bem planejado”.

A maternidade 24/7 ampliou a consciência de Heloísa. “Aprendi que não podemos controlar tudo o tempo todo, que formar seres humanos é uma responsabilidade enorme e, finalmente, a me colocar sempre no lugar do outro. Fiquei muito mais sensível ao que acontece ao meu redor. A maternidade transforma. Os medos aumentaram, mas o coração ficou mais preenchido. É uma loucura!”.

Com os meninos esticando suas asinhas na escola, surgiu a vontade de produzir mais. Só que a antiga rotina já não fazia mais sentido. “Ser mãe em tempo integral desgasta, assim como trabalhar 14 horas por dia e sem controle nenhum sobre a agenda”. O que a mãe do Pedro e do Lucas fez?

Lançou-se sobre o desafio de equilibrar a vida pessoal e profissional. Investiu na empreitada sua conhecida coragem, determinação e criatividade. Resgatou um sonho antigo e o formatou de acordo com a sua necessidade. “Sempre tive vontade de criar uma loja que fosse uma mistura das coisas que gostou e que garimpo por aqui e pelo mundo. Uma espécie de “selo” do meu tipo de coisa, isto é, o que gosto de ter em casa e na vida, de dar de presente e de usar”.

O sonho repaginado de Heloísa tira proveito das facilidades desta nossa era, já que está disponível no Instagram, com atendimento também pelo WhatsApp ou com hora marcada. Integra ainda bazares e mercados itinerantes. “Tenho essa ideia na cabeça há uns oito anos, mas lá atrás eu pensava em loja física, que demanda grandes investimentos iniciais. A vontade de voltar a produzir algo e o crescimento do mercado de compras online, via Instagram e outros canais, me encorajou a tirar a ideia do papel. Eu sempre soube que, em algum momento, eu criaria algo meu”.

Como humana, ela também sente aquele medo que breca ideias. Nessas horas, ela se apóia em pessoas queridas que dão aquele empurrãozinho especial. “Minha irmã, por exemplo, divulgou minha loja para os contatos dela antes mesmo de mim”. Heloísa mostra atitude até para o dilema que emperra a vida de boa parte das pessoas: e se não der certo? “Se apertar e não der conta, volto a me jogar no mercado, corro atrás”.

A mãe empreendedora do Pedro e do Lucas não se acomoda nem cruza os braços. Define-se como “uma pessoa de movimento”. “Acho que essa é a graça da vida”. Deixa até uma dica para quem também tem vontade de seguir seu coração: “Siga e se reinvente. Se não der certo na primeira, persista e se reinvente de novo.