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Ela foi vista pela primeira vez no extremo norte de Guarulhos. Estava coberta de machucados, assustada e, ainda assim, incapaz de qualquer agressão ou reação. Foi chamada de Sofia, que, em grego, significa sabedoria. Passou por lares temporários até ser encontrada, com ajuda de uma rede social, por aqueles que prometeram lhe dar morada eternamente. Foi assim que ela se tornou Aisha, que carrega, em árabe, o significado de “a que tem vida ou a que vive”.

Depois de dois anos de luto por Pinga, Patrícia e o marido pensaram em adotar outra fox paulistinha. Só que vasculhando ONGs de adoção, apaixonaram-se por uma cachorrinha de médio porte e pelo de arame. “A Aisha foi encontrada em um lixão onde cães são desovados em Guarulhos. O pessoal da ONG Amigos e Bichos a trataram e castraram. São superdedicados, nunca vi igual!”, conta a orgulhosa mãe.

Os primeiros dias não foram nada fáceis. “Ela chegou muito medrosa, com medo até de outros cães. Não queria brincar ou sair para passear. Para comer ou beber água, chegava de mansinho, quase se escondendo”. Com doses cavalares de carinho e paciência, os traumas foram sumindo e a confiança, crescendo. “Em um mês, ela já se tornou mais confiante e feliz, voltou a brincar com outros cães, começou a roer o que encontra pela frente e já garantiu seu espaço na cama dos pais”.

Patrícia, o marido e a filha canina tiveram, silenciosa e cautelosamente, a sabedoria de esperar e deixar o destino se revelar, em seu próprio tempo e do jeito que tem que ser. É assim que ele manifesta a todos os seres vivos a verdadeira experiência do viver

E não pense que foi só a vida de Aisha que mudou. “Ela preenche nosso tempo e vida. Somos muito felizes”.