Eu já quis ser uma dessas pessoas que nunca olha para trás, mas a verdade é que dou sempre aquela espiadinha pelo espelho retrovisor. Sou dessas que gosta de recordar pessoas e experiências. Às vezes, dou marcha ré e estaciono por um tempo, mais do que deveria, talvez por não estar pronta para a despedida definitiva; às vezes, me deparo com novas perspectivas sobre velhos acontecimentos e sentimentos, algo que só a distância e a idade fazem por nós. Nesses momentos, limpo a lagriminha que embaça a visão e deixo a #gratidão preencher meu peito.

Em um episódio de This is Us, minha terapia televisiva favorita, Kevin diz à sobrinha que “passamos por essa vida, devagar e sempre, colecionando pedacinhos de nós, sem os quais não conseguiríamos viver, até termos pedaços suficientes para nos sentirmos completos”. Eu acredito que nós já nascemos inteiros e completos. Cada experiência nos ajuda a quebrar a casca de ovo translúcida que nos envolve e nos faz esquecer de toda luz e de todo amor guardado dentro de nós.

O poeta persa Rumi diz que os amantes não se encontram em algum lugar. Eles sempre estiveram dentro um do outro. E é por isso que vale a pena olhar, com gratidão, pelo retrovisor e avançar. Há pessoas, lugares e vivências prontos para despertar mais um pedaço em nós.  

*** Esse texto foi, originalmente, publicado no blog Mais um Café?. Pegue a sua caneca e venha conversa com a gente no Facebook ou no Instagram.