Aprendi

que não caibo em uma caixa

que não me encaixo em rótulos

nem por mim mesma

nem por ninguém

Aprendi

a driblar os autoritários

mesmo os mais bem-intencionados

para encontrar em mim o significado

do que é ou não necessário

Aprendi

a manter os olhos nos céus

a viver com os pés na terra

a me mover aparentemente sem direção

mas guiada sempre por uma misteriosa intuição

Aprendi

que minhas pernas ficam cansadas

quando sigo outras pegadas

aumento ou diminuo a velocidade

sem intenção ou vontade

Aprendi

que minhas costas travam

quando me curvo a opiniões

crenças e julgamentos

sem qualquer discernimento

Aprendi

a me ajoelhar diante do amor

a celebrar a criação e o abraço

a buscar a contemplação e o serviço

polinizando como abelha a flor

Aprendi

a respeitar mais a audição

principalmente a do coração

que escuta os sussurros da alma

me fortalece e me acalma

Aprendi

que essa voz me faz acreditar no impossível

e torna a liberdade factível

transformando essa jornada

em algo enfim incrível.