Foto: Milonaina / Pixabay

Foi em um 13 de janeiro que D subiu ao altar pela primeira vez. Tinha apenas 15 anos quando seu uniu àquele homem 9 anos mais velho. O sobrenome e o status social da família dele podiam cobri-lo com o brilho de um príncipe encantado, mas o comportamento o denunciava: era violento e viciado em jogo.

D tentou servir aos caprichos do marido, com quem teve 3 filhos. Serviu, perdoou, insistiu e, ainda assim, foi vítima de abusos. Foi esfaqueada duas vezes, após ter a sua assinatura falsificada para a venda de uma propriedade. A separação foi o prenúncio de uma disputa exaustiva pela guarda dos filhos. Na conta, pesava mais o sobrenome do marido, e as mentiras criadas por ele, do que os fatos, a violência por todos conhecida.

O julgamento de D não terminou nos tribunais: o caminho da jovem desquitada cruzou-se com a de um príncipe, que também não fazia jus ao personagem dos contos. O encontro a colocou como personagem do Brasil Império – ora como coadjuvante, ora como protagonista. Casado, o príncipe lhe prometeu devoção e lhe entregou abrigo, títulos e… infidelidade – até com a irmã dela.

O relacionamento de 7 anos rendeu cartas de amor, intrigas, filhos e muito ódio. D, ou a Marquesa de Santos, como ficou conhecida, acumulou fortuna nesse período, mas também enfrentou o desprezo da sociedade e ameaças de morte. Foi banida da corte duas vezes. Na última, antes do casamento de D. Pedro com D. Amélia, ela estava prestes a dar à luz a mais uma criança, a quinta.

De volta a SP, ela se tornou uma benfeitora, ajudando pobres, artistas e estudantes. Animou a vida cultural da cidade e fez doações para diversos fins, de guerras a hospitais. Casou-se uma segunda vez e, com esse marido, completou 14 gestações ao longo da vida. Quando o brigadeiro foi preso, ela conseguiu uma licença especial e se mudou para a prisão para garantir a saúde dele. Nada disso, porém, importa. Domitila eternizou-se como “a amante”, aquela a ser odiada, como Wallis Simpson, como Camilla Parker-Bowles.

Esse post foi originalmente publicado no blog Mais Um Café?