Conheça o trabalho incrível da Lucia Heffernan

O acupunturista me perguntou se eu penso demais. Oras, não é isso que a gente faz? Ok, eu também penso enquanto durmo: nos problemas ou no que considero problemas. Às vezes, questiono o sonho, como se estivesse diante de um roteiro nada plausível. “Ei, mas o que essa pessoa está fazendo aí?”. Para quem lanço essa pergunta? Seria para mim mesmo? Seria para os algoritmos controladores de sonhos? Lembrei-me de um médico, que não era da cabeça, ou era?, que me perguntou se eu era muito estressada. Oi? “Alguém já respondeu que não, doutor?” Fui mais fundo, mais fundo…

…e pensei na minha lista de miudezas. Faço todos os dias. Com uma dose de amor e atenção, a lista cresce e cresce, mais do que claras em neve. Ô coisa mais bonita que é isso, né? Nunca vi neve, mas acho que parece mais nuvem. Nuvem que a gente come. Incrível! Voltando ao diário das miudezas, escolhi esse nome por causa da beleza dessa palavra. Miudeza. É forte, mas delicada, tão delicada que tenho vontade de colocar no colo, de abraçar e de me deixar ser abraçada. Miudeza é o reconhecimento da beleza existente nas coisas mais banais, não aquelas que a gente vê nos jornais, no streaming ou nas redes sociais. Sabe do que eu estou falando? Tipo assim, a visita de uma joaninha ou o perfume do lençol limpo sobre a cama. Confesso: na primeira noite, sinto-me intimidada pela ausência de rugas no lençol perfumado. Deito-me devagar e tento não me mexer demais. Só tento. Acho que me mexo demais. Acho que penso demais. Preciso de um detox. Talvez o acupunturista tenha razão. A cama desarrumada, ou o feed animado, é sinal de mente inquieta. Ele me pareceu bem convencido: nem esperou uma resposta concreta e já me tascou uma agulha miúda em um ponto da perna, jurando que aquilo me faria relaxar, aquietar… shiiiiiiu. Shiiiiiu. Sh…

Esse post foi originalmente publicado no blog Mais Um Café?