Minha avó nasceu pouco mais de 40 dias depois dele, cujos descendentes cismam em reduzir a História às páginas amareladas dos livros. E é neles que encontramos suas raízes, em uma monarquia que se recusava a reformular o sistema eleitoral. Em 1887, a dentista Isabel de Souza Mattos evocou uma lei e mostrou seu título científico para ter um registro, mas de nada adiantou.
O sistema resistiu até depois da Proclamação da República, apesar dos apelos de Josefina Álvares de Azevedo, do jornal A Família. A gestação continuou por décadas, graças a nomes como a professora Leolinda Daltro, a bióloga Bertha Lutz e outras mulheres e homens persistentes.
Sim, este senhor nonagenário é o voto feminino, legalizado em 24 de fevereiro de 1932. O sonho de outrora, realidade da minha vó, da minha mãe e minha, não nasceu perfeito e ainda exige cuidados. O caminho até as urnas está garantido, mas precisa ser trilhado com mais consciência, para honrar quem defendeu nosso direito, além de mudar o presente e garantir um futuro melhor.
Esse post foi originalmente publicado no blog Mais Um Café?
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