JacksonDavid/Piaxabay

O sonho deste paulistano anônimo sempre foi ser caminhoneiro, pois se existe um lugar onde se sente confortável, é atrás de uma direção. Ele começou a trabalhar cedo – aos 5 anos, já entregava os sapatos engraxados pelo pai, analfabeto e portador de deficiência, que nunca deixou faltar em casa arroz, feijão, farinha e carne. Além de lustrar sapatos, ele também cuidava dos jardins da vizinhança, cultivando no filho valores nunca esquecidos.

O menino, hoje avô, ainda se orgulha da carteira assinada aos 12 anos. Fez de tudo: foi metalúrgico, empresário e autônomo. Sente prazer ao atravessar as artérias da cidade enquanto compartilha a filosofia de vida aprendida com o pai. Nada cai do céu, não há tempo para queixas e lamentos. Ao filho, dizia: “Caiu? Levante-se para cair de novo.” Ao neto ensina: “Tem que ter responsa. É estudar e correr atrás.”

E o sonho de ser caminhoneiro?

Bem, este vai ficar para outra vida. Quando se aposentar, ele pretende ainda surfar pelas ruas e avenidas da cidade como motorista de app, carregando pessoas, compartilhando histórias, seguindo sempre em frente, como o pai dele ensinou.

Esse post foi originalmente publicado no blog Mais Um Café?