Acácio (à direita) e a Unidos de Paraisópolis (Foto: Arquivo Pessoal)

É assim que Acácio se define. Afinal, a música o escolheu para promover, com ela e por meio dela, a inserção cultural, inclusiva e musical de crianças e jovens de Paraisópolis. Ele mesmo se criou na 2.ª maior comunidade paulistana, para onde se mudou aos 5 anos, após a separação dos pais.

Os primos o levaram, 5 anos depois, até o Barracão dos Sonhos, ONG que lhe apresentou o primeiro instrumento da sua vida: o repique. O menino ficou desconfiado. “Parecia que eu já sabia tocar, era só colocar em prática.” A música parecia ser o seu destino, mas a vida lhe impôs um desvio: ser gandula em quadras de tênis. Durante 6 anos, sua rotina foi exaustiva, até ser resgatado por um 2.º projeto social: a Orquestra Filarmônica de Paraisópolis, iniciativa do presidente da Associação de Moradores Gilson Rodrigues e do maestro Paulo Rydlewski. “Fui formado pelos 2 projetos, mas quis trilhar o meu próprio caminho.”

Aos 21 anos, ele entrou na Escola de Música do Estado de S. Paulo (EMUSP) e, na sequência, na Faculdade Cantareira. Rodou o Brasil, como integrante da orquestra, conhecendo e tocando ao lado de Ivan Lins, Jane Duboc, Chico César e MPB4, entre outros. Tornou-se professor, tanto da Orquestra, quanto do Barracão de Sonhos. Recebeu, ainda, o convite para ensinar percussão na Holanda, de onde voltou pronto para tornar o seu sonho realidade.

Assim nasceu em 2019 a Escola de Música Unidos de Paraisópolis, hoje um instituto que oferece aulas de percussão, violão, piano, flauta doce, teoria musical e musicalização infantil. Mesmo com a pandemia, a iniciativa cresceu: dá reforço escolar e, em breve, terá um hub de tecnologia. “O Instituto Unidos de Paraisópolis transforma cenários precários em lugares de oportunidades para crianças e jovens. Os alunos tornam-se protagonistas, mudando sua vida, da mesma forma como aconteceu comigo.”

Acácio considera-se um predestinado pela maneira orgânica como tudo ocorreu. Diz que conversa diariamente com Deus, de onde tira forças para manter o projeto e atrair pessoas e empresas. “Quero ser referência em ensino, qualidade e resultados.”

Alguém duvida?