Marina, durante “Encontro com Escritores”, promovido pela Casa Museu Ema Klabin

“Sou completa”, disse a elegante senhora, sem falsa modéstia ou arrogância. Artista plástica, ilustradora e escritora, Marina Colasanti, a dona de quatro Jabutis, entre outros prêmios, encanta com a sua sabedoria e simplicidade.

Aos 85 anos, ela tem a elegância de quem não se rende a modismos, de quem não quer convencer ninguém de nada, muito menos carregar ideias ou palavras de outras pessoas só para agradar ou se sentir parte de algo. É daqueles raros seres que mais querem ouvir e refletir do que falar, mesmo sendo o centro e a razão de encontros como o promovido pela Casa Museu Ema Klabin, um dos espaços mais privilegiados, em todos os sentidos, de São Paulo. 

Marina é dona do verso e da prosa, fã do trocadilho e da rima. Dispensa em suas histórias o tradicional final feliz, da mesma forma que rejeita as narrativas “ensinosas”, que dão lição de moral no leitor. Dá às suas personagens o que busca para si: liberdade.

Nascida na Eritreia, às margens do Mar Vermelho, ela migrou para o Brasil aos 11 anos. Trabalhou em jornal, em TV, em revista. Já publicou mais de 50 livros, para adultos e crianças, muitos dos quais também ilustrou. Preza de tal forma a liberdade que mal sabe explicar de onde vêm as suas criações. Inspiração, para ela, é uma dádiva reservada aos deuses; nós, humanos, temos imaginação, originária de lugares misteriosos, gravados nas profundezas dentro de cada um de nós. Mais do que explicar ou definir, é preciso sentir, explorar e agir.

Para Marina, “a literatura fala ao coração dos leitores; a tecnologia, ao intelecto dos usuários.” Assim, é natural que a tecnologia providencie empregos, enquanto a literatura se emprega de falar à alma.

À mulher, ela aconselha: “seja quem você é”. A quem quer se aventurar pela escrita, diz: “Continue escrevendo. Escrevendo a gente aprende a escrever.”

Um conselho que, ouso dizer, vale para a vida. Afinal, é vivendo que a gente aprende a viver.

Obrigada, Marina.