
Quase 23 horas. O sono já bate à porta, mas sou sequestrada por aquela vontade de escrever aleatoriamente, sem julgamento, sem rumo. Brota em mim como desejo incontrolável de grávida, que parece não ter sentido, mas pulsa com um único propósito: realização.
Ou será simplesmente satisfação?
Satisfação por fazer algo por mim; satisfação por poder me realizar com algo tão simples; satisfação por colocar para fora palavras e sentimentos que me sufocariam, mesmo quando não me causam dor.
Escrever sem nexo ou exigência é a mais perfeita expressão de abundância; é deixar jorrar aquilo que não se pode explicar, que às vezes nem sabemos que sentimos ou carregamos; é revelar sujeitos, verbos e predicados escondidos em um cantinho da alma.
Escrever é uma oração rabiscada com letras desgrenhadas, às vezes até difíceis de reconhecer. É pior que letra de médico, pior que letra de jornalista em dia de coletiva de imprensa.
É correr para registrar a declaração mais importante de todas, ainda sem autoria, ditada pelo, sabe-se lá, além, por Aquele que nos deu a vida, por Aquele que não nos controla, por Aquele que só nos liberta.
Sei lá.
Só sei que a tinta sobre o papel ou as letras flutuando na tela transformam a realidade de quem as cria com o coração e de quem as lê com a alma.
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