Nem só de História e ginjinhas vive Óbidos. Ao lado das muralhas do castelo, na antiga igreja de Santiago, hoje uma livraria, reside uma rendeira de fios e versos chamada Natália Santos. Ela se instalou no antigo coreto a convite da Câmara da cidade em 2015. Desde então, recebe os visitantes com um sorriso nos lábios enquanto tece poesia e entrelaça fios dourados e prateados, vendidos como uma joia única.
Continuar lendo “A poeta rendeira de Óbidos”
Gonçalo Anes é conhecido na terra de Camões como Bandarra, palavra relacionada à boemia ou vadiagem, segundo me contaram lá na sua terra, a aldeia de Trancoso. Ele ganhou tal acunha pelas noitadas nas tabernas, o que de forma alguma o definiu. Nascido no fim do século XV, esse personagem tornou-se uma figura ilustre na sua região e no seu país.
Continuar lendo “O que sobrevive”
Quase 23 horas. O sono já bate à porta, mas sou sequestrada por aquela vontade de escrever aleatoriamente, sem julgamento, sem rumo. Brota em mim como desejo incontrolável de grávida, que parece não ter sentido, mas pulsa com um único propósito: realização.
Ou será simplesmente satisfação?
Continuar lendo “A escrita noturna”
Isabel tinha 12 anos quando o seu casamento com um homem mais velho foi acertado. Deixou tudo para trás e entregou o seu coração ao desconhecido. Só não abriu mão da sua devoção, cultivada pelo avô, católico fervoroso.
O tal marido era Dom Dinis, rei de Portugal e do Algarve, que soube fazer bons préstimos dos talentos da esposa. Com o poder da empatia e das palavras, Isabel mediou conflitos e evitou guerras – até com o próprio filho, revoltado com a inclinação do pai a reconhecer como seu sucessor o filho bastardo.
Eu conheci um homem que deixou tudo para trás para viver o sonho de hastear sua bandeira nos 4 cantos do mundo. Em um deles, porém, sua âncora caiu e dali ele nunca mais saiu. Vive há sete anos a aventura de criar raízes em um lugar novo, em uma cultura nova, já partes de si.
Eu conheci uma mulher que se refugiou do outro lado do oceano há 40 anos. Fugiu de um relacionamento tóxico e não encontrou forma de se libertar a não ser deixar tudo e todos. Em outras terras, em outro idioma, reconstruiu-se. Hoje volta ao seu país com a alma cheia de saudade e o olhar, de curiosidade. Faz planos de voltar, porque sabe que nunca conseguiu chamar outro lugar de lar.
Continuar lendo “Eu conheci…”
Vejam só esta história: lá na Morada do Coração Perdido, mais especificamente no nº 564 da Rua Lopes Chaves, na Barra Funda, em São Paulo, há um petisco da correspondência trocada por Mario de Andrade com amigos. A minha preferida, até o momento, é a de um modernista menos popular que Oswald e Tarsila.
Continuar lendo “Correspondências da Morada do Coração Perdido”
Era outubro de 2015. Um vento desaforado arrastava as folhas secas pelo chão de concreto e insistia em embaralhar os galhos das árvores que ciceroneiam os visitantes da Igreja da Santíssima Trindade, em Stratford-upon-Avon. Frank e Ivy passaram, provavelmente, muitas vezes por ali. Deixaram sua presença gravada em um banco de madeira, uma história que passa despercebida por olhares apressados, que pouco registram a natureza abundante ao redor daquele templo.
Continuar lendo “Para viver um caso de amor”Não é possível passar pelo Chile e não (re)conhecer Pablo Neruda. O poeta do amor foi o verdadeiro condor-dos-andes, assim como sua última esposa, Matilde Urrutia, também foi a perfeita expressão desta ave imponente, cujas características são motivo de orgulho nacional. Continuar lendo “A verdadeira história do condor-dos-andes”