
Quem já assistiu Enola Holmes 2 deve ter se divertido com a cena do baile, em que a irmã caçula do investigador mais famoso do mundo descobre que o leque não era utilizado somente como acessório de moda ou para trazer algum refresco para os dias, tardes e noites mais quentes. Os abanadores expressavam sentimentos e intenções da dama para o cavalheiro.
Os leques teriam surgido na China cerca de 3 mil a.C. Feitos de diferentes materiais e configurações, esses utensílios serviram a inúmeros propósitos ao longo do tempo – principalmente, como símbolo de status social, em diversas partes do globo.
No Egito, a tarefa de abanar o faraó era reservada aos vassalos dignos de cumprir a nobre missão. Não era qualquer nenhum, não! Os leques, como deve imaginar, eram verdadeiras obras de arte e podia representar cenas relevantes, como a bravura de Tutancâmon, que teria capturado sozinho os avestruzes cujas penas foram utilizadas no seu abanador.
No Japão, o leque não era utilizado somente pelas gueixas. Há, desde os tempos mais remotos, diversos simbolismos: acreditava-se que o uso em cerimônias religiosas, por exemplo, era capaz de afastar energias negativas; os abanadores vermelhos e brancos funcionavam como imãs de sorte, enquanto os dourados, de riqueza.
Os leques teriam chegado à Europa na época das Cruzadas e foram adotados pela nobreza, inclusive a Rainha Elizabeth I, retratada várias vezes usando o acessório. Na Inglaterra, há ainda hoje um museu específico para esse acessório (The Fan Museum), muitas vezes importados da vizinha França. No século XIX, um dos principais fabricantes, a Duvelleroy, de Paris, ajudou as damas a entenderem os códigos para se expressarem sem dizer uma única palavra.
Os leques viraram hoje item de colecionador – são disputados em casas de leilões e tema central de exposições, do Museu Condes de Castro (Cascais, Portugal) à Fundação Maria Luísa e Oscar Americano (São Paulo, Brasil) – esta última com curadoria do historiador Paulo Rezzutti. Para quem não quer ou não pode sair de casa, vale visitar a mostra virtual do Google Arts & Culture, que não deixa dúvidas sobre a beleza, riqueza e importância dos leques.
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