depois de dois verões

o inverno chegou

a neve lá fora

alonga os minutos aqui dentro

machucam meus olhos teimosos

que enxergam o que querem

diversas tonalidades

entre as poucas cores da atualidade

confusão na mente

rajadas de emoções na primavera

embaraço no coração

gotas congeladas no verão

purificação do espírito

temporal no outono

destempero da alma

brisa tropical no inverno

É uma estação própria

inominável

inesperada

indomável

inoportuna

exaure

provoca

irrita

paralisa

é uma música nova

a cada segundo

é hesitação, é medo

é testar os passos

de uma dança

esquisita e sem fim

é viver sem a segurança

da coreografia conhecida

é liberdade, risco e libertação

nessa estação

desconexa e desconectada

de quem fui, de quem queria ser

respiro improvisos

transito por

invernos

primaveras

verões

outonos

em único dia

em uma única manhã

tarde ou noite

descubro vários eus

sem replays

sem recomeços

sou tudo

sou nada

acordo como uma página em branco

durmo nela rabiscada