“Minha vida sempre foi pautada por metas e sonhos. Quando eu conquistava uma, sempre ia buscar outra”. E foi com esse fôlego e coragem que ela desenhou, em 2014, o plano de morar do outro lado do mundo. “Madri é uma cidade mágica, com céu azul o tempo todo. As pessoas vivem nas ruas e tudo é pretexto para comemorar. É cheia de verde, de respeito ao ser humano, oferece mobilidade e segurança e tem infinitas coisas para vivenciar”.
Antes de embarcar em maio de 2015, Eliná enfrentou uma longa maratona de desapego. “Foram, pelo menos, 36 anos juntando coisas e herdando da família”. Entre os itens estavam cristais de Baccarat da bisavó, bandejas de prata de lei e porcelanas da família, móveis autênticos de época e obras de artistas como Leonilson e Antonio Dias.
O confortável apartamento em São Paulo foi se esvaziando aos poucos. Os amigos, convidados pelo Facebook em dias e horários determinados, tiveram prioridade. Ela também organizou um bazar na empresa onde trabalhava e mandou outro lote para um lugar especializado em “família vende tudo”. “Eu conservei apenas o que realmente eu não tive coragem ou que não queria mesmo vender, como uma mesa chinesa do século 19 que foi da minha avó, uma fruteira inglesa de prata de lei que foi da outra avó, meus livros preferidos e algumas aquarelas ou gravuras que eu gostava muito”.
Você deve estar se perguntando se a experiência não foi dolorida, se não deixou um vazio. “Vendi tudo muito consciente de que estava fazendo isso para realizar um sonho. A gente precisa de muito pouco para ser feliz. O mais importante é estar bem e fazer o que dá prazer”.
E disso Eliná não tem dúvida. “Sempre recebi muita gente na minha casa. Nunca me faltou motivo para reunir pessoas, os amigos, os amigos dos filhos e criar, tudo junto e misturado, momentos bons”.
Esse ritual já se repete na Espanha, com amigos de cá e de lá. Já passaram pela sua casa uma escritora dinamarquesa de novelas policiais, uma escritora italiana especializada em James Joyce, o dono de uma escola de espanhol para estrangeiros, uma mineira que estuda dança contemporânea e por aí vai. “Conhecer, trocar experiências, conviver, fazer alguma coisa além, isso não tem preço. É o que vale nessa vida”.
Como um dia profetizou Leminski, “salve-se quem quiser, perca-se quem puder”.
14/01/2016 at 5:15 pm
Só quem viveu saberá, só quem passou poderá, só quem ousou terá…
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15/01/2016 at 1:41 pm
A história da Eliná é inspiradora. E seus textos são ótimos, Tati. Amei o blog. Entrou para a lista dos favoritos! Beijos
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