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Querido leitor deste post,

Pause o caos que se instaurou no mundo exterior. Por, pelo menos, alguns minutos, recolha suas flechas, suas certezas sobre o que o país está vivendo, seu desprezo ou acidez pelas escolhas do outro para ler esta carta que escrevi para você. “Você sabe o que liberta alguém deste cativeiro? É toda profunda afeição verdadeira. Ser amigo, ser irmão, o amor, isso abre a prisão pelo poder supremo, por alguma força mágica. Onde a simpatia é renovada, a vida é restaurada”, escreveu  Vincent Van Gogh ao irmão Theo.  O amor ainda é o denominador comum por excelência da humanidade.  Essa é a proposta para hoje. 

Dénis Thériault é um psicólogo canadense e autor de um livro de ficção que tem como ponto de partida cartas de amor trocadas entre dois desconhecidos. O narrador é um carteiro que, bisbilhotando a correspondência alheia, percebe que o amor é o maior motivo para as canetas deslizarem sobre o papel. “O amor em todas as formas gramaticais e todos os tons possíveis, apresentado em todo tipo de formato que se pudesse imaginar: cartas apaixonadas ou corteses, às vezes sugestivas e em outras mais castas, mais tranquilas ou mais dramáticas, por vezes violentas, frequentemente líricas, especialmente comoventes se traziam os sentimentos expressos em termos simples, e que nunca tocavam mais fundo o leitor do que naquelas vezes em que as emoções ficavam escondidas nas entrelinhas, ardendo quase invisivelmente por trás de um véu de palavras inócuas”.

O amor não é ficção, embora possa nascer dela. Chrissy  postou sua carta nas redes sociais na tentativa de que ela chegasse até a escritora J.K.Rowling, autora de Harry Potter. Ela é mãe de uma criança que luta contra um câncer. “Quando eu li para ela suas histórias, ela não tinha a clara distinção entre o bem e o mal e, por isso, adorou os personagem sinistros. Você a ensinou que, a cada quimio que ela tinha que enfrentar, havia a oportunidade dela sobrevoar um lago em um hipogrifo. Cada vez que o coração dela era tomado por medo da dor, eu estava lá, protegendo-a com o meu Patronus”. Chrissy enumera várias lições e finaliza com a mais importante delas: “Para cada criança levada [dessa vida] muito cedo, as pessoas se aproximarão, abrigando-se em grandes grupos, com suas varinhas erguidas para iluminar o céu escuro com o amor que sentem”.

A verdade é que palavras de amor nascem até em campos de batalhas. “Não vivi um único dia em que não te amasse; não passei uma única noite sem te abraçar; não bebi uma única xícara de chá sem amaldiçoar o orgulho e a ambição que me forçam a permanecer longe do espírito que inspira a minha vida”, escreveu o imperador francês Napoleão Bonaparte para sua esposa Josefina, em 1796.

No mundo atual, escrever uma carta de amor representa também a oportunidade de  fazer arte. “O simples fato de que alguém se sente, pegue um pedaço de papel e pense em outro alguém em todo esse processo, com uma intenção que é muito difícil de encontrar quando o navegador está aberto,  o iPhone está apitando e temos seis conversas rolando ao mesmo tempo, isto é uma forma de arte”, diz Hanna Brancher. Ela lidera uma organização mundial, “O Mundo Precisa de Mais Cartas de Amor, que tem como missão tornar o amor famoso.  E, assim, ela une pessoas, estranhos, quando eles mais precisam, da forma mais prosaica e genuína criada pela humanidade.

Como Martin Luther King ensinou: “Ao longo do caminho da vida, alguém deve ter bom senso e moralidade suficiente para cortar a cadeia de ódio. Isso só pode ser feito por projetar a ética do amor para o centro de nossas vidas”.

Então, topa?

Escreva hoje uma carta. Envie para alguém que você ama ou para alguém que está longe, seja pela distância, ideais ou opiniões.

Levante sua caneta e ilumine o céu escuro com o amor. É o que a gente mais precisa agora.

Com amor,

Tati