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(RCA/Paola Kudacki); Lenny Letter

A foto acima foi divulgada durante o lançamento da música In Common [Em Comum, em Inglês], de Alicia Keys. Em recente depoimento à Lenny Letter, a cantora revelou que a foto não é simplesmente uma sacada de marketing. Ela voltava da academia, quando a fotógrafa sugeriu que ela não se arrumasse.  A ideia surgiu ali, naquele momento, com Alicia suada, sem maquiagem, turbante na cabeça e mais gente-como-a-gente impossível.

O objetivo da fotógrafa era esse: em comunhão com o que prega a música, registrar a cantora como ela é, sem a máscara da figura pública que todos nós, não só as celebridades, colocamos.  “Eu quero ser real, mas isso pode ser real demais”, reagiu.

O choque inicial foi se dissipando a cada clique. Novos sentimentos também surgiram: força, poder, liberdade, honestidade. A foto viralizou e selfies de desconhecidas, ao lado da hashtag #nomakeup, se espalharam pela web. Foi a coragem de Alicia que inspirou as internautas – oxalá – com o mesmo propósito. “Eu me senti realizada porque minhas reais intenções se realizaram. Meu desejo de escutar a mim mesma, de derrubar as paredes que eu construí ao longo dos anos, de viver cheia de propósitos e de ser eu mesma!”, explicou em seu artigo na Lenny Letter.

Ser a pessoa que aparece no espelho pode ser assustador, mas não é tão maluco assim, mesmo para quem vive no mundo corporativo. Peter Drucker, consultor e pai da administração moderna, sempre recomendou o “Teste do Espelho”. Em Management: Revised Edition, ele ilustra bem como funciona:

“Dizem que o diplomata mais respeitado das Grandes Potências no início do Século XX foi o embaixador da Alemanha em Londres. Claramente, ele estava predestinado a algo grande, no mínimo o cargo de Ministro das Relações Exteriores de seu país, se não o de chanceler. No entanto, em 1906, ele pediu demissão subitamente. O Rei Eduardo VII ocupava o trono britânico havia cinco anos e o corpo diplomático ia lhe oferecer um jantar. Como decano do corpo diplomático, o embaixador da Alemanha seria o mestre de cerimônias. O Rei Eduardo VII era famigerado mulherengo e deixou claro que tipo de jantar queria –no final […] prostitutas despidas e luzes baixas. O embaixador da Alemanha preferiu renunciar a presidir esse jantar. “Eu me recuso a ver um cafetão no espelho na hora de fazer a barba”. Esse é o Teste do Espelho. O que a ética exige é que se faça a pergunta a si mesmo: Que tipo de pessoa eu quero ver pela manhã, na hora de fazer a barba ou passar batom?”.

Já parou para pensar quantas escolhas, decisões e até posts seriam diferentes após esse simples teste?

Espelho, Espelho Meu…