Nossa busca por equilíbrio começa ainda na infância e nenhum momento é mais simbólico do que quando aprendemos a pilotar, sem rodinhas, uma bicicleta. Adriana lembra-se bem da monareta vermelha que conduziu aos sete anos. À medida que aquela menina foi crescendo, os compromissos e obrigações se multiplicaram e manter o equilíbrio deixou de ser uma divertida brincadeira de criança. O ponto de inflexão da sua busca foi quando um relacionamento de 15 anos com o pai do seu filho chegou ao fim. “Depois da dor, fui pesquisar como as mulheres fazem para conseguir dar conta da família, da carreira e dos sonhos”. A experiência tornou-se um caminho, que compartilha desde 2012 com outras mulheres. 

Estatísticas não faltam: a população feminina é maior, seu nível de escolaridade também é superior, ocupa mais espaço no mercado de trabalho e é responsável, ainda, pela maior parte das tarefas domésticas. Equilibrar-se entre tantos papéis não é fácil e foi isso que fez Adriana mergulhar em livros e artigos, além de ir à campo para escutar mulheres que considerava bem-sucedidas neste desafio. “Eu descobri tanta coisa legal que minha vontade era gritar ao mundo”.

Da sua vivência, nasceu, em 2012, uma palestra, que ganhou asas com o tempo, tornando-se workshop e coaching. Independente do formato, o ponto de partida é o mesmo. “O mais importante é a mulher saber que pode optar por tudo: pela carreira, pela família e pelos sonhos. Ou apenas um dos 3; ou dois, o que ela quiser. Está tudo certo”.

Como mulher, mãe, empresária, facilitadora e consultora, Adriana batalha diariamente para sustentar seus papéis. “Aprendi que, se movimentarmos a carreira, ela ficará equilibrada; se  escolhermos a família, é ela quem ficará equilibrada; o mesmo acontece com os sonhos. Não é todo dia que consigo movimentar os três campos por igual. Às vezes, desequilibro e o que descobri foi que isso é normal, que posso sempre recomeçar. O extraordinário está em reequilibrar através de escolhas diárias e conscientes”.

É claro que ela utiliza, nesta jornada, alguns recursos para manter tudo em jogo. “Definir prioridades e, com isso, dizer não ao que não quero nem preciso; fazer escolhas conscientes no longo, médio e curto prazo; planejar e administrar o tempo do meu dia, semana, mês e ano; tirar um tempo para fazer o que me dá prazer: ver o por-do-sol, tomar vinho, ver um bom filme, estar com quem amo, entrar em contato com o mar, rezar, meditar e outras ações “transversais” que me ajudam (e muito!) a me equilibrar”.

Adriana sabe que não é tão fácil assim aplicar essas regrinhas, já que a rotina nos rouba tudo, principalmente a energia. “Tudo isso no papel é lindo e inspirador. A verdade é que consigo fazer isso na maioria dos dias, não todos”. E é quando a tempestade chega, que entra em cena um recurso fundamental: autoamor e autoestima. “É necessário diminuir a cobrança e a culpa. Isso não ajuda em nada. É preciso olhar para si e se perceber como uma Obra divina, com potencialidades de amor, otimismo, entrega, intuição, capacidade de realização para empreender nos negócios, na sua família e nos seus sonhos. São grandes desafios, mas totalmente possíveis de serem alcançados”.

Ela fala isso não só pela própria experiência, mas pelas histórias de outras mulheres equilibristas. A sua palestra já atraiu mais de 6 mil participantes no Brasil e no exterior, formando uma rede de apoio e inspiração. “Muitas mulheres relataram que se descobriram capazes para empreender, casar, ser mães, ser livre e independente. Outras conseguiram admitir que a culpa inútil impede a realização dos seus planos. Uma equilibrista comentou que a principal descoberta foi que a qualidade de tempo com seu filho era mais importante do que a quantidade e isso a deixou mais leve para a vida. Outra bela mulher me agradeceu, porque se achava, até então, egoísta por querer ser feliz. E foi ali, na vivência, que ela percebeu que, quando a mulher é feliz, a família inteira também é”.

Neste caminho, os encontros, coletivos ou individuais, revigoram energias e propósitos. “É uma troca. Eu aprendi que as mulheres equilibristas são seguras, confiantes e se aprovam. Elas erram, aprendem e recomeçam. São lindas e têm a capacidade de melhorar o mundo em que vivem”.

A rotina hoje pode ser mais desafiadora que se equilibrar na monareta vermelha, mas Adriana parece não se cansar de usar seu poder para empoderar outras mulheres. “Eu aprendi que os momentos de desequilíbrios são tão normais quanto o de equilíbrio e que nós temos a capacidade de deixar a vida mais leve, com a nossa essência, nosso sorriso, nosso perfume, nossas flores, nosso colorido”.

E é, por isso, que essa equilibrista dá mais uma  dica para a poderosa mulher do século XXI. “Identifique o que a faz feliz. Busque escolhas diárias que a permitam caminhar para a história de vida que você deseja contar. Protagonize, acredite, arrisque, ria, chore, ame e viva sem perder o rumo da sua visão de longo prazo de como quer viver dia após dia”. Boa (e doce!) viagem!