
Confesso: nunca morri de amores pelo Papai Noel. Nunca cedi a seus sorrisos, presentes, doces e pirulitos – ainda que tenha aceitado boa parte deles. Talvez seja uma fobia a gente grande usando fantasia fora do carnaval, pois nunca me afeiçoei a palhaços. Passei uma festa no colo do meu avô, só para não ter que interagir com aquele homem colorido e maquiado. Qualquer tentativa de aproximação, era repudiada com gritos histéricos e lágrimas saltitantes. Tampouco me orgulho de ter contado para uma amiguinha que o Polo Norte não era tão longe assim – o velho barrigudo morava no quarto ao lado do dela. “Ela é tão inteligente”, tentei justificar, “merecia saber a verdade”.
Para mim, a magia do Natal nunca esteve nos papeis luminosos e laços vermelhos, mas no perfume de comida pela casa; na mesa decorada com a melhor toalha e louças; no telefone que toca e traz a mensagem de quem está lá longe; na música que eleva a vibração; nas memórias que arrancam lágrimas e sorrisos; nas mãos atadas para celebrar o nascimento Daquele que não cansa de nos ensinar sobre Perdão, Amor e União.
Em 1843, Charles Dickens escreveu em um “Um Conto de Natal” que este é:
“talvez o único dia, pelo que sei, no longo calendário do ano, em que homens e mulheres parecem, por consenso, abrir livremente os seus corações fechados e pensar nas pessoas inferiorizadas como se fossem legítimos companheiros de viagem rumo ao túmulo e não como uma raça de outras criaturas com destinos diferentes.”
Parece-me que pouco mudou desde então. Por isso, resolvi pedir desculpas ao Papai Noel (antes tarde do que nunca!). Depois de um ano como esse, só quero que ele ajude a desembrulhar em cada casa a verdadeira essência humana, aquilo que nos torna tão únicos, tão diferentes, tão especiais. Aquilo que está tão esquecido e que pode nos ajudar a superar não só a COVID-19, mas todas as batalhas pela frente.
*** Esse texto foi, originalmente, publicado no blog Mais um Café?. Pegue a sua caneca e venha conversa com a gente no Facebook ou no Instagram.
22/12/2020 at 9:06 am
Tati toh risando aqui do outro lado… 🤣🤣🤣🤣…” Tampouco me orgulho de ter contado para uma amiguinha que o Polo Norte não era tão longe assim – o velho barrigudo morava no quarto ao lado do dela. “Ela é tão inteligente”, tentei justificar, “merecia saber a verdade”.🤣🤣🤣🤣🥰 Praticamente um ato de amor, heee… espírito feminista que já brilhava na menininha, hein?
CurtirCurtir