“Desculpe, mas eu precisava muito falar com alguém”, disse a moça no saguão de um centro cultural. Quando eu me sentei ao seu lado, à espera de uma amiga, nada chamou minha atenção. Seu rosto estava escondido pelo cabelo liso tão longo quanto suas pernas e braços. Em nenhum momento, ela demonstrou notar a minha existência. Até aquele momento.
“Oi?”
Foi tudo que consegui emitir ao ser pega tão desprevenida por aquele pedido. Ela me fitou com hostilidade.
“Você precisa de algo?”, questionei, já me perguntando se tinha ouvido vozes (longe de mim duvidar de eventos sobrenaturais, ainda mais diante deste calor extremo). A hostilidade no rosto dela virou indignação. Como eu não tinha percebido que ela estava em uma ligação? Como eu poderia imaginar que, debaixo daquela cabeleira platinada, havia dois fones sem fio? Quem é que inventou isso e tornou nossa vida ainda mais difícil?
“Amiga, você não sabe…”, disse, “acabou. Acabou. A-C-A-B-O-U.”
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