Scott tinha uma inquietação. Mesmo trabalhando em uma das 500 companhias listadas pela Fortune, ele se questionava sobre o impacto que estava causando no mundo. Já sentiu isso? Já se questionou se está fazendo a diferença? Por menor que ela seja? Tem gente que não se importa; tem gente que deixa esse incômodo para lá; e tem gente que decide enfrentar isso de frente.
Steve Jobs um dia disse que não se importava em ser o homem mais rico do cemitério. Preferia o gostinho de ir para a cama todas as noites sabendo que havia feito algo maravilhoso. Assim como ele, Scott não queria só dinheiro. Não queria somente construir um currículo. Seu propósito era maior. Ele acreditava que o mundo seria um lugar melhor se todo mundo tivesse um trabalho com que se importasse, com um significado.
Foi isso que o levou a “descobrir o que diferenciava as pessoas com um trabalho apaixonante e transformador, que acordam inspiradas todo dia” das demais, daquelas “que vivem em um desespero silencioso”. Desse mergulho em estudos e entrevistas, surgiu a ideia de reunir as pessoas que queriam se dedicar a um trabalho que consideravam importante e, assim, causar um impacto único no mundo. Essa comunidade virou negócio e já mobiliza mais de 175 mil pessoas ao redor do mundo. A Live your Legend conecta e torna disponível em seu site ferramentas e treinamentos, voltados para o auto-conhecimento e para o desenvolvimento da nova fase de vida.
Não se engane. Esse é um caminho cheio de espinhos. Ao abandonar um emprego, você não perde somente uma renda fixa. Algumas portas se fecham, alguns amigos desaparecem e os julgamentos se reproduzem mais rápido que o Aedes aegypti. Uma dica, muito comum entre empreendedores, é ter claro qual a perda suportável para você. Pode ser importante também adotar uma filosofia mais generosa de sucesso, como defende o filósofo Alain de Botton. “Devemos nos focar nas nossas ideias e devemos ter certeza de que elas são nossas, de que somos os verdadeiros autores das nossas ambições. É ruim não conseguir o que queremos, mas pior ainda é ter uma ideia daquilo que queremos e descobrir, no fim da viagem, que não era, na verdade, nada disso”.
A metodologia desenvolvida por Scott e compartilhada em um dos TEDs mais vistos está alinhada com essa visão. Baseia-se em 3 pilares com um elemento em comum: o controle. “Ninguém pode lhe dizer o que você não pode aprender sobre si mesmo; que você não pode superar seus limites, conhecer o seu impossível e ir além; que não pode se cercar de pessoas inspiradoras ou fugir de quem o puxa para baixo. Você não pode controlar uma recessão. Não pode controlar ser demitido ou se envolver em um acidente de carro. A maioria das coisas estão totalmente fora de nosso controle. Aquelas três dependem só da gente e podem mudar nosso mundo, se decidirmos fazer algo a respeito”.
Assim como Alain de Botton, Lewis Carroll escreveu que “no final, nós nos arrependemos somente das chances que não aproveitamos”. Três anos depois da apresentação no TED, Scott resolveu rodar o mundo, sofreu um acidente no Monte Kilimanjaro e faleceu. Seu pai disse ao Daily Mail que ele viveu mais em 33 anos do que a maioria o faz a vida toda. É mais do que isso.
A inquietação de Scott Dinsmore para combinar trabalho e felicidade transformou-se em um legado que superou os limites da vida e o mantém vivo, ainda inspirando pessoas.
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