Tirei essa foto na porta de uma igreja enquanto espiava o casamento de um jovem casal. O noivo chegou acompanhado dos amigos, em motos que rosnavam. A noiva foi mais discreta, em um carro pequeno, onde só havia espaço para ela e os pais. Quando entrou na igreja, ele chorou copiosamente. As lágrimas de amor dele provocaram os neurônios-espelho dos demais, inclusive de quem nem os conhecia. 0/
Continuar lendo “O Amor”
Assim como o cinema toma lá suas liberdades, o mesmo ocorre com as artes plásticas. O famoso quadro de Pedro Américo, que ilustra nosso imaginário com o ocorrido há exatos 200 anos, às margens do Ipiranga, não é uma representação fiel do que realmente aconteceu . “Na época, a construção de uma identidade nacional raramente era feita mostrando-se à realidade nua e crua dos eventos históricos”, explica Pedro Rezzutti em “D. Pedro – A história não Contada”.
Continuar lendo “Amadurecimento ou Morte”Foi em um 14 de agosto, há exatos 200 anos, que D. Pedro partiu para apaziguar ânimos em SP.
Ao lado do pai e da avó, foi o primeiro príncipe de uma casa real europeia a por os pés no Novo Mundo. Foi descrito por um embaixador francês como “uma pomba em meio a corujas”. Seu biógrafo Paulo Rezzutti diz que ele era um “homem impulsivo, de riso fácil, de educação abrutalhada e sem refinamento.”
Continuar lendo “A viagem”Li, recentemente, a história de um grupo perseguido e expulso das terras onde vivia. A palavra “refugiados” não existia naquela época, por volta do século VII. Ainda assim, como hoje, a chegada dessas pessoas “estranhas” à costa oeste da Índia foi tumultuada, pois muitos moradores se mostraram contrários à permanência deles ali.
Diante do burburinho, o rei chamou o grupo para uma audiência, na qual expressou sua preocupação da seguinte maneira: “Este copo de água sobre a mesa é o meu reino. Está cheio de água, está cheio de gente. Não há espaço para mais água, não há espaço para mais pessoas.”
Continuar lendo “Adocica, meu amor, adocica”
Em minha vaga lembrança de menina, minha avó morava em uma pequenina casa de abóbora, em meio a árvores esguias e flexíveis como bailarinas. Em um dia úmido de primavera, convidou-me para um passeio nos fundos, onde o mato estava tão alto que espetava minhas pernas e arranhava os meus braços. Ela parou junto a uma mesa e duas cadeiras já enferrujadas.
Continuar lendo “A quem possa interessar”Venho hoje pagar uma promessa à lua, que sempre me recorda da fábula dos quatro amigos: o coelho, o furão, o sagui e o lobo.
Eles adoravam se reunir sob as estrelas e contar os causos ocorridos nos vales e florestas. Mais sábio, o coelho falava de coisas que ninguém mais entendia, como os mistérios da natureza.
Continuar lendo “Promessa à Lua”Imagine você que Julia Child morreu em 2004 e nós, ainda, estamos encantados por ela – não só pelas receitas, mas principalmente pela personalidade.
Em “Julie & Julia”, de 2009, ela já tinha fincado uma bandeira no meu coração. Eu cheguei a comprar a autobiografia dela, “Minha vida na França”, tamanho o impacto causado por Nora Ephron e Meryl Streep na versão cinematográfica da obra de Julie Powell.
A HBO Max resgatou-a mais de uma década depois, deixando mais claro para mim a fonte do sucesso da culinarista: a paixão pela vida expressa nos pequenos detalhes.
Continuar lendo “O tempero da vida”O céu já estava escuro, quando passos começaram a ecoar pelo parque vazio.
“Só pode ser um homem”, sussurrou o menino, tentando injetar personalidade àquele eco, ora desalinhado, ora batuta, como se aquele ser corresse de alguma coisa ou para alguma coisa.
Continuar lendo “No parque”